sábado, 4 de setembro de 2010

continuação - SERVIVÇO SOCIAL

3. IDEALISMO




Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.

O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".

Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.

Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.



4 MATERIALSIMO

Doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Nega a existência da alma e do mundo espiritual ou divino. Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso no século XVI, quando assume diferentes formas. Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.

No século XVIII, o francês Julien de la Mettrie (1709-1751), os pensadores da Enciclopédia e o barão de Holbach (1723-1789) lançam o materialismo filosófico, doutrina que considera o homem uma máquina e nega a existência da alma, em oposição ao espiritualismo. No século XIX surge na Alemanha o materialismo científico, que substitui Deus pela razão ou pelo homem, prega que toda explicação científica resulta de um processo psicoquímico e que o pensamento é apenas um produto do cérebro. Seus principais formuladores são Karl Vogt (1817-1895), Ludwig Büchner (1824-1899) e Ludwig Feuerbach (1804-1872). O marxismo, por sua vez, baseia-se numa concepção materialista da história - denominada materialismo histórico por Friedrich Engels (1820-1895) -, pela qual a história do homem é a da luta entre as diferentes classes sociais, determinada pelas relações econômicas da época. O materialismo dialético é constituído como doutrina por Lênin e recebe esse nome porque sua teoria é materialista e seu método, a dialética. No início do século XX, as idéias de pensadores como Richard Avenarius (1843-1896), Ernst Mach (1838-1916) e Wilhelm Ostwald (1853-1932) dão origem ao materialismo energetista, teoria mais filosófica que científica, pela qual espírito e matéria são apenas formas da energia que constituem a realidade.



4.1- MATERIALISMO HISTÓRICO



O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.

De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária pela burguesia.

Esta teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.

O materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.



4.2- FUNDAMENTOS



"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência"



O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.

O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.

As ideias seriam, então, o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.

Segundo Marx, a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria cova.



4.3 – MATERIALISMO DIALÉTICO



No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, que trouxe a implantação de um novo modelo de sociedade, que desde o seu surgimento já é criticada pelas suas contradições internas e principalmente pelas desigualdades sociais que traz consigo. . Na linha destas críticas e do estudo da sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico. Seu método de explicação da sociedade, aplicado à história é o “materialismo histórico e dialético”.

4.3.1 O que afirma o Materialismo?

“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.” Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).

4.3.2- O que afirma a Dialética?

A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior. A dinâmica HIPÓTESE+DESENVOLVIMENTO+TESE+ANTITESE+DIALÉTICA=SÍNTESE, que expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de idéias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. Outro elemento é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um todo que está relacionado entre si. Há também as contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou não lucro, por exemplos, dentro da Produção, seja essa positiva ou negativa.

4.3.3- Como isto foi aplicado ao estudo histórico?

Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: comunismo primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do trabalho humano e quem beneficiasse dele. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...

4.2.4- O que propõe?

Propõem uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e nos interesses que têm. Bem como a relação destas faz gerar de forma dialética a destruição dos novos modelos de sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político. Fazer-nos pensar em como estas relações fazem com que pequenos homens possam ser considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do contrário.

continuação - SERVIVÇO SOCIAL

3. IDEALISMO




Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.

O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".

Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.

Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.



4 MATERIALSIMO

Doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Nega a existência da alma e do mundo espiritual ou divino. Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso no século XVI, quando assume diferentes formas. Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.

No século XVIII, o francês Julien de la Mettrie (1709-1751), os pensadores da Enciclopédia e o barão de Holbach (1723-1789) lançam o materialismo filosófico, doutrina que considera o homem uma máquina e nega a existência da alma, em oposição ao espiritualismo. No século XIX surge na Alemanha o materialismo científico, que substitui Deus pela razão ou pelo homem, prega que toda explicação científica resulta de um processo psicoquímico e que o pensamento é apenas um produto do cérebro. Seus principais formuladores são Karl Vogt (1817-1895), Ludwig Büchner (1824-1899) e Ludwig Feuerbach (1804-1872). O marxismo, por sua vez, baseia-se numa concepção materialista da história - denominada materialismo histórico por Friedrich Engels (1820-1895) -, pela qual a história do homem é a da luta entre as diferentes classes sociais, determinada pelas relações econômicas da época. O materialismo dialético é constituído como doutrina por Lênin e recebe esse nome porque sua teoria é materialista e seu método, a dialética. No início do século XX, as idéias de pensadores como Richard Avenarius (1843-1896), Ernst Mach (1838-1916) e Wilhelm Ostwald (1853-1932) dão origem ao materialismo energetista, teoria mais filosófica que científica, pela qual espírito e matéria são apenas formas da energia que constituem a realidade.



4.1- MATERIALISMO HISTÓRICO



O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.

De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária pela burguesia.

Esta teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.

O materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.



4.2- FUNDAMENTOS



"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência"



O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.

O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.

As ideias seriam, então, o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.

Segundo Marx, a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria cova.



4.3 – MATERIALISMO DIALÉTICO



No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, que trouxe a implantação de um novo modelo de sociedade, que desde o seu surgimento já é criticada pelas suas contradições internas e principalmente pelas desigualdades sociais que traz consigo. . Na linha destas críticas e do estudo da sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico. Seu método de explicação da sociedade, aplicado à história é o “materialismo histórico e dialético”.

4.3.1 O que afirma o Materialismo?

“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.” Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).

4.3.2- O que afirma a Dialética?

A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior. A dinâmica HIPÓTESE+DESENVOLVIMENTO+TESE+ANTITESE+DIALÉTICA=SÍNTESE, que expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de idéias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. Outro elemento é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um todo que está relacionado entre si. Há também as contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou não lucro, por exemplos, dentro da Produção, seja essa positiva ou negativa.

4.3.3- Como isto foi aplicado ao estudo histórico?

Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: comunismo primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do trabalho humano e quem beneficiasse dele. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...

4.2.4- O que propõe?

Propõem uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e nos interesses que têm. Bem como a relação destas faz gerar de forma dialética a destruição dos novos modelos de sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político. Fazer-nos pensar em como estas relações fazem com que pequenos homens possam ser considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do contrário.

A VERDADEIRA EVOLUÇÃO SOCIAL

Sociologia - Alienação Karl Marx 2

CONSCIENCIA E CONSCIENCIA SOCIAL - ALIENAÇÃO SOCIAL - TIPOS DE ALIENAÇÃO SOCIAL


Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
Curso: Serviço Social
Disciplina: Fundamentos Filosóficos aplicados ao Serviço Social
Série: 1º ano Ano: 2010
Docente: Profº. Mestrando João Bôsco Almeida Cruz

Conteúdo para o 3º bimestre

1. CONSCIÊNCIA E CONSCIÊNCIA SOCIAL

Antes de procurar uma definição de “consciência social” é oportuno buscar um entendimento do que é “consciência”. Consciência é um termo que provém do latim “conscientia” que significa conhecimento, o cumprimento do dever, o zelo ao se executar um trabalho e a responsabilidade do que se faz. Partindo desta significação conclui-se que “consciência” tem estreita ligação com o entendimento do que é bom e do que é ruim, do bem e do mal; envolvendo em sua significação o entendimento, a moralidade, a ética e sendo assim, a consciência assume um papel de crítica e juízo dos atos do homem, sendo também um agente de proibição ou permissão dos seus atos e, como conseqüência disso, passa a ser um agente de julgamento dos atos à sua volta, aprovando ou reprovando tudo o que acontece e tudo isso conceituado de acordo com os valores e conhecimentos em vigor. Então: “consciência é um agente de critério para as ações e toda consciência é intencional e é quem dá sentido às ações”.

O homem (Homo sapiens) é a única criatura racional, portanto, que pensa e tem consciência de seus atos. O homem é capaz de dar um significado do que toma consciência, é capaz de transmitir esse significado e é capaz de idealizar e projetar, antecipando assim ações e reações futuras.

Após termos entendimento de tudo isso podemos até por dedução definir “consciência social” como ”a forma com a qual o homem lida com as regras que regem a sua vida e é o que organiza e dá sentido ao que é vivido coletivamente, ou seja, organizando e dando sentido à vida social ou ao viver em sociedade”.

O homem ao tornar-se racional, e assim consciente, passou a adquirir e acumular conhecimento e ao transformar esse conhecimento em cultura passou a transformar o mundo em que vive, moldando-o de acordo com as suas necessidades e aspirações. Da consciência individual emerge a consciência social ou coletiva. Ao existir uma vida social, o homem como ser racional e consciente, ocupa-se em entender essa vida social, a planejar ações que a harmonizem, a procurar evitar as ações que a desarmonizam e eis que surge a sociologia como a “ciência que estuda as relações sociais”.

A sociologia vê a consciência como coletiva e não é que ela exclua a consciência individual, mas o seu objeto de estudo e a sua razão de ser é o que é coletivo, encarando o que é individual como parte desse coletivo, ou seja, a sociologia ocupa-se da “consciência social” e é esta consciência social que mantém a estrutura da sociedade e que busca através da harmonia coletiva possibilitar que cada homem alcance a harmonia em si mesmo.



2. ALIENAÇÃO SOCIAL



Dois autores são importantes para entender os conceitos de Alienação: Marx e Durkheim.

O indivíduo alienado é aquele que se submete aos valores e instituições que o cerca. Submete-se cegamente sem haver um questionamento.

Alienação seria um problema de legitimidade do controle social, um problema de poder. Ela torna o indivíduo separado da sociedade e, para Marx, quando o indivíduo aliena-se da sociedade ele aliena-se de si mesmo.

Hoje em dia temos vários motivos que alienam, entre eles estão: religiões, partidos políticos, comunicação de massa entre outros. Portanto, para nos proteger contra esse mal, devemos nos prevenir, tendo um senso crítico e ficando atento ao que tentam nos impor a cada dia que passa.



2.1 Algumas formas de alienação



2.1.1- Religião

A Religião é um dos principais fatores de alienação de um indivíduo. Conseguem encontrar nela uma verdade diferente da ciência e muitas vezes, verdades que a ciência também não pode dar. Verdades que são infundadas e muitas vezes batem de frente com o pensamento racional científico.

Mas por que a religião é um fato de alienação? Justamente pelas suas verdades aceitas sem questionamento. A justificativa é sempre: "está escrito na bíblia", ou "deus nos revelou". Não há uma busca efetiva pela verdade, pois esta já foi supostamente "revelada".

A frase mais perfeita para demonstrar essa alienação pela religião, misticismo, ou coisas deste tipo é a de Karl Marx: "A religião é o ópio do povo". esta frase consegue resumir o mal, a cegueira e a dependência causada no indivíduo por ela.

Mas muito se diz hoje em dia, que precisamos de religião para educarmos nossos filhos ou para estabelecermos uma sociedade melhor e coisas assim. Será que isso é realmente necessário? Devemos abandonar o racionalismo para educarmos nossos filhos com figuras mitológicas? É correto guiarmos uma sociedade para uma realidade ilusória, cheio de esperanças inalcançáveis, esperanças essas que muitas vezes são necessários agressões contra o corpo, sacrifícios infundados e idolatrias exacerbadas para "tentar" alcançá-las?

Bem, realmente religião e ciência não combinam, pois uma conhece a verdade, e a outra está sempre a sua procura. É por esse motivo que as religiões e seitas têm muitos adeptos, pois é mais fácil aceitar a verdade imposta, do que procurar por ela.

Além disso, voltando ao assunto da alienação, a religião tira a atenção dos indivíduos para os verdadeiros problemas que acercam a sociedade. Assistia a um programa evangélico na televisão, quando um pastor começou a fazer propaganda da revista da igreja: "É uma revista muito boa, custa R$ 9,00 e não deixa nada a dever para revistas como "Veja"ou "Isto É". Só que nossa revista fala de assuntos que nos importam, não falamos desses assuntos, como: Política, economia...... Falamos do que realmente precisamos, da nossa fé, nossa alma e de encontros com Deus , pois são esses assuntos que precisamos estar cientes". Isto é um caso de Alienação explícita, porém, muitas vezes os fatos nos são entregues de maneira implícita e, devemos reconhecê-los para nos proteger desse verdadeiro mal, que não é um "pecado" ou um "karma", mas sim uma patologia social.

Por que devemos rezar junto com o Padre Marcelo no programa do Gugu, para acabar com a violência urbana? Não seria "mais eficaz" exigirmos melhorias na segurança pública para o governo? Está aí a questão da alienação enquanto um mal social: Devemos orar ou agir? Esta é a questão. Enquanto se ora, não se luta. Mas muitos podem dizer que algumas igrejas fazem trabalhos significativos para a sociedade. Não devemos desmerecer essas ações isoladas, mas devemos observar a que preço isto é feito.

O indivíduo em uma religião muitas vezes não consegue enxergar a verdade, por essa instituição já ter-lhe colocados verdades previamente escolhidas e moldadas. Ele fica à mercê dos sacerdotes, pastores, entre outros e por se entregarem à uma fé cega, tornam-se escravos de "Deus", ou de seus interlocutores na terra.

A religião é importante, mas não deve ser aceitos sem ser questionados alguns elementos.



2.1.2- Comunicação de Massa



Não há dúvidas que os meios de comunicação em massa são responsáveis por alienar indivíduos. E, para entender isso, é necessário entender quem produz essa comunicação de massa, que é chamado de Indústria Cultural.

A massa necessita sempre de algo "novo", porém, produzir sempre obras novas é muito caro. A Indústria Cultural utiliza então o artifício da padronização, modificando apenas o rótulo de uma obra e utilizando sempre seus moldes. Isso é oferecido à massa como algo inédito, aceitando-a (Lembre-se da famosa frase usada nos meios de comunicação: "nada se cria; tudo se copia..."). Por exemplo, a obra "Romeu e Julieta" foi algo novo quando Shakespeare o escreveu. O filme "Titanic"também surgiu como algo novo, porém, as duas obras são semelhantes. O filme "Titanic" seguiria a mesma linha que a de "Romeu e Julieta", mudando apenas os artistas e o local dos fatos: "Um jovem se apaixona por uma garota, mas não pode ficar com ela por causa de uma tragédia". Esse roteiro acontece em inúmeras obras "Hollywoodianas". Copia-se o que já foi novo e fez sucesso e vende-se como inédito. Isso é a padronização de obras. Não acontece apenas em filmes, acontece em todos os meios da comunicação: rádio, tv, internet, jornal...

Essa palavra-chave: "padronizar"; é a palavra necessária para se entender a dominação. Não há como dominar um grupo que: "fala 300 línguas diferentes; tem hábitos diferentes a cada esquina; utiliza 8 tipos de moedas diferentes; possui 55 diferentes religiões principais". É preciso transformar isso em uma unidade padronizada para dominá-la. Os indivíduos à serem dominados devem agir, pensar, se vestir e gostar das mesmas coisas, assim é mais fácil centrar seus objetivos e submeter esse grupo à seus interesses.

E o que é dominar? É justamente subjugar alguém ou algum grupo. Ao fazer isso, tira-se a autonomia desse indivíduo ou grupo, tornando-o manipulável e, dessa forma, o objeto da manipulação aliena-se, pois está vendo o que deve ser visto, ouvindo o que deve ser ouvido e lendo o que deve ser lido - segundo seu dominante.

Comunicação de massa, portanto, é um produto da indústria cultural, com o objetivo de alienar grupos para conquistar cada vez mais poder para os que estão no topo dessa indústria. É o objeto com que as classes dominantes utilizam para subjugar um povo.



2.1.3- Ideologias



Segundo Martins e Aranha, ideologia significa "o conjunto de idéias sistematizadas que justificam determinadas práticas".

Gramisci dizia que há ideologias capazes de modificar as situações históricas, organizando homens e dando-lhes consciência de luta.

Marx já vê que não são as idéias que movem o mundo, mas sim as situações das condições econômicas em que estas se encontram.

Hoje em dia, vemos inúmeros discursos ideológicos. É o caso de partidos políticos por exemplo. Esse partido pode aparecer com um discurso de que se a polícia fosse mais severa, a violência urbana diminuiria. Será? A violência urbana não estaria ligada também a outros fatores como socio-econômicos? Bem, se você estiver encantado com o discurso do partido, certamente iria ganhar seu voto. Mas se você não se deixa cegar pela ideologia desse partido e começar a observar todo o contexto em que a violência está inserida, talvez esse partido não ganhe mais seu voto.

A ideologia aliena. E estamos constantemente sendo bombardeados pela ideologia dos estratos superiores da sociedade. E o que ela causa? Cegueira. No exemplo anterior do partido político, uma pessoa embriagada por aquela ideologia, terá a certeza de que se a polícia "bater"mais, a violência diminuirá. Esse indivíduo não enxergaria a situação que precede essa violência e estaria enxergando apenas um aspecto menor que seria a maior agressividade da polícia. Vai deixar de observar quão amplo e complexo é o tema da violência urbana.

Outro exemplo seria quando havia a guerra-fria. Nessa época, um indivíduo americano (dos EUA!!!) achava que o mal do planeta eram os comunistas, os soviéticos "comedores de criancinhas", pois havia uma ideologia do estado para que essa imagem se mantivesse. Já na URSS, um soviético pensaria as mesmas coisas de um americano. Por causa de duas ideologias antagônicas houve um impasse: Quem era o malvado da estória? A ideologia cegara a ambos sem poderem discutir realmente os problemas maiores que envolviam a situação. estavam o soviético e o americano alienados aos reais problemas do conflito.

Muitas vezes a ideologia, além de ser totalmente "má", torna-se positiva por unir grupos para atingirem certos objetivos, porém, mesmo assim ela continuará exercendo seu papel alienante.

Mais uma vez digo que a ideologia aliena e, devemos nós saber como se precaver dela e o que de bom dela poder retirar. Devemos estar atento e filtrar toda mensagem de cunho ideológico que nos bombardeia todos os dias.



2.1.4Trabalho Alienado



Será que o trabalho aliena o indivíduo? Para Marx existe sim o trabalho alienado. Este seria o trabalho que a sociedade industrial criou, a sociedade dominada pela produção de mercadorias. O trabalho que rompe a ligação entre o homem e sua atividade vital.

Marx descreveu algumas características do trabalho alienados, que aqui estão, citadas por Coutinho, M. C. :

• "a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao sujeito trabalhador";

• "a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao objeto dele";

• "a determinação absoluta do trabalhador pelas necessidades, já que o trabalho (...) não tem para ele outro significado que ser uma fonte de satisfação de suas necessidades, enquanto ele só existe para elas como escravo de suas necessidades";

• "resumir o trabalhador à luta pela subsistência, fazendo com que ele (...) destine sua vida a adquirir meios de vida".

Estão aí as características do trabalho alienado segundo Marx. Características estas que separam o homem de sua naturalidade.

Quem nunca assistiu ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin? Este filme mostrava explicitamente o trabalho em sua forma de alienação. O indivíduo trabalhava em uma fábrica de peças e fazia sempre a mesma coisa: apertava roscas. Mas não sabia para quê? Qual era a finalidade daquilo? Ele era um escravo do trabalho. Não havia uma finalidade para que estivesse fazendo aquilo, a não ser receber o salário no final do mês.

Logicamente, o exemplo é de um filme, mas que não foge da realidade de hoje. Veja nas indústrias. Trabalhadores fazendo repetições sem conhecer muitas vezes o produto final daquele parafuso que ele aperta incansavelmente todos os dias. Sua realidade torna-se limitada e esse trabalho acaba por desumanizar o indivíduo, fazendo-o trabalhar como escravos de suas necessidades.

Podemos disso tirar uma conclusão que, num cenário amplo, a sociedade capitalista aliena o ser humano.

O trabalho realmente pode alienar um indivíduo e, por conseqüência disto, pode alienar-se do mundo por estar vivendo dentro de um espaço limitado. seu conhecimento pode não ir mais longe do que apertar um simples parafuso. E será que um trabalhador como esse consegue discernir a realidade social em que vive?