Marx com a sua nova concepção materialista da história, pôs em causa a corrente filosófica idealista alemã que até então predominou na sua essência.
Para Marx era necessário dar resposta, a que se deve o desenvolvimento da razão e da moral, porque são elas diferentes em épocas diversas e em representantes de classes e grupos sociais distintos.
Para estas interrogações, não havia uma resposta. No melhor dos casos estudavam-se apenas as ideias que motivavam a actividade dos homens e, geralmente não se pensava na origem dessas ideias. As ideias governavam o mundo e determinavam a vida social, sendo esta a essência da concepção idealista da história, que predominou até ao surgimento do materialismo.
Os homens organizavam as suas relações em função de representações dogmáticas religiosas, de seres imagináveis. Esta maneira de pensar tem para Marx consequências perniciosas. Era necessário pôr em causa tais ideias e ensinar o homem a substituir essas ilusões por pensamentos que correspondam à realidade objectiva.
Partindo das posições da nova concepção do mundo, científica e proletária, Marx axaminava as principais tendências da filosofia contemporânea do seu país. Submetia à crítica o idealismo objectivo de Hegel e as concepções idealistas dos jovens hegelianos.
Reconhecendo a essência materialista da filosofia de Feuerbach, mostrou ao mesmo tempo a natureza inconsequente da sua doutrina e o carácter limitado e metafísico das suas ideias sobre a sociedade.
Para Marx, a história deixa de ser a acção imaginária de sujeitos imagináveis, como a apresentam os idealistas, passando a ser a história da luta de classes.
Assim, ao idealismo alemão, como doutrina filosófica, que considerava o carácter primário da ideia, do espírito e da consciência, acima do carácter considerado secundário, da matéria, da natureza e do ser, Marx afirma o contrário através da sua doutrina materialista, segundo a qual, é a natureza, a matéria e o ser social, que são determinantes do espírito, das ideias e da consciência social, consciência que se explica pela contradição da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas e as relações sociais de produção.
Segundo Marx, as ideias, os princípios morais e as teorias, contribuem para a construção da sociedade, mas unicamente com a condição de que não contradigam as possibilidades e leis objectivas da sua existência e desenvolvimento.
É pois, pela exigência de levar em conta as condições objectivas da vida social, ao contrário do que sucedia com o idealismo, que começa a compreensão materialista da história. Para Marx o conhecimento das leis objectivas do desenvolvimento da natureza, da sociedade e da produção material, que não dependem da consciência, resulta do facto da matéria ser uma realidade objectiva.
A consciência, que para os idealistas determinava o seu ser, deixa de ser, para a concepção materialista determinante, sendo determinada pelo ser social.
Historicamente, a primeira forma de consciência, foi a consciência prática e comum, quando o homem nada mais possuia na sua bagagem senão, conhecimentos adquiridos por via da imitação e tomados dos costumes, tradições, relatos e lendas. Sendo esta a consciência predominante no idealismo alemão.
Esta consciência desenvolve-se e aperfeiçoa-se posteriormente, devido ao aumento da produtividade e das necessidades da população. O homem passa a ter necessidade de se relacionar com os indivíduos que o cercam, surgindo assim, uma nova forma de consciência, a consciência social. No desenvolvimento desta forma de consciência, operaram-se mudanças substanciais, quando mercê da obtenção de produto excedente, apareceu para certo grupo de pessoas, a possibilidade de não trabalhar, para obter os meios de subsistência, dedicando-se à natureza, à sociedade e ao homem.
Para Marx, surge assim, a divisão da sociedade em classes e, dentro da classe dominante um grupo de ideólogos, cuja função social era consagrarem-se à actividade intelectual e, entre outras coisas, Promover as ideias da classe dominante, no seio da parte restante da sociedade.
A separação entre trabalho intelectual e manual e, a conversão do primeiro em privilégio da classe dominante, deu origem a um novo nível de consciência social - o nível teórico.
A consciência social, desempenha um papel importante na vida da sociedade, cumprindo uma série de funções sociais específicas, sendo a primeira a de que pode ser conhecida.
Os resultados do conhecimento e da prática, fixam-se em objectivos materiais, mas também na consciência social. Assim, os resultados do conhecimento da natureza, inscrevem-se no domínio das ciências naturais, enquanto o fruto da investigação da sociedade, na área das ciências sociais.
A consciência social serve ainda, para expressar os interesses de tais ou tais grupos sociais e de toda a sociedade. As ideias dos homens sobre a vida da sociedade, desdobram-se em ideias práticas comuns, que se obtêm mediante relações com outros homens, no processo de formação de um ou outro meio social e, em ideias teóricas que se alcançam através do estudo das ciências sociais.
A consciência social, segundo Marx, manifesta-se na vida social em diversos campos específicos, que se denominam formas de consciência social, como: a ideologia política e jurídica, a moral, a arte, a ciência, a filosofia e a religião.
A alienação para Marx, como etapa final do sistema capitalista idealista, é generalizada. Considerando que existe uma crescente irracionalidade do sistema.
Assim, Marx afirma que o trabalho criador de valor de troca, se caracteriza pelo facto de as relações sociais entre pessoas, surgirem como que transformadas numa relação social entre coisas. Para Marx, a concepção de alienação, extravasa em particular do económico, sobre o ideológico e o político. Sendo certo, que ele se preocupou fundamentalmente com a alienação do trabalhador assalariado que era como que (robotizado) totalmente alienado, mais não sendo que uma fonte de energia, distinguindo-se de outras pelo facto de esta ser dotada de inteligência, o que lhe permite adquirir consciência da sua alienação, mostrando, pela sua contestação, que é em definitivo algo de diferente da fonte de energia a que o tentavam reduzir.
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