3. IDEALISMO
Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.
O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".
Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.
Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.
4 MATERIALSIMO
Doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Nega a existência da alma e do mundo espiritual ou divino. Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso no século XVI, quando assume diferentes formas. Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.
No século XVIII, o francês Julien de la Mettrie (1709-1751), os pensadores da Enciclopédia e o barão de Holbach (1723-1789) lançam o materialismo filosófico, doutrina que considera o homem uma máquina e nega a existência da alma, em oposição ao espiritualismo. No século XIX surge na Alemanha o materialismo científico, que substitui Deus pela razão ou pelo homem, prega que toda explicação científica resulta de um processo psicoquímico e que o pensamento é apenas um produto do cérebro. Seus principais formuladores são Karl Vogt (1817-1895), Ludwig Büchner (1824-1899) e Ludwig Feuerbach (1804-1872). O marxismo, por sua vez, baseia-se numa concepção materialista da história - denominada materialismo histórico por Friedrich Engels (1820-1895) -, pela qual a história do homem é a da luta entre as diferentes classes sociais, determinada pelas relações econômicas da época. O materialismo dialético é constituído como doutrina por Lênin e recebe esse nome porque sua teoria é materialista e seu método, a dialética. No início do século XX, as idéias de pensadores como Richard Avenarius (1843-1896), Ernst Mach (1838-1916) e Wilhelm Ostwald (1853-1932) dão origem ao materialismo energetista, teoria mais filosófica que científica, pela qual espírito e matéria são apenas formas da energia que constituem a realidade.
4.1- MATERIALISMO HISTÓRICO
O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.
De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária pela burguesia.
Esta teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.
O materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.
4.2- FUNDAMENTOS
"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência"
O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.
O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.
As ideias seriam, então, o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.
Segundo Marx, a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria cova.
4.3 – MATERIALISMO DIALÉTICO
No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, que trouxe a implantação de um novo modelo de sociedade, que desde o seu surgimento já é criticada pelas suas contradições internas e principalmente pelas desigualdades sociais que traz consigo. . Na linha destas críticas e do estudo da sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico. Seu método de explicação da sociedade, aplicado à história é o “materialismo histórico e dialético”.
4.3.1 O que afirma o Materialismo?
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.” Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).
4.3.2- O que afirma a Dialética?
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior. A dinâmica HIPÓTESE+DESENVOLVIMENTO+TESE+ANTITESE+DIALÉTICA=SÍNTESE, que expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de idéias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. Outro elemento é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um todo que está relacionado entre si. Há também as contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou não lucro, por exemplos, dentro da Produção, seja essa positiva ou negativa.
4.3.3- Como isto foi aplicado ao estudo histórico?
Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: comunismo primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do trabalho humano e quem beneficiasse dele. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...
4.2.4- O que propõe?
Propõem uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e nos interesses que têm. Bem como a relação destas faz gerar de forma dialética a destruição dos novos modelos de sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político. Fazer-nos pensar em como estas relações fazem com que pequenos homens possam ser considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do contrário.
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sábado, 4 de setembro de 2010
continuação - SERVIVÇO SOCIAL
3. IDEALISMO
Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.
O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".
Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.
Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.
4 MATERIALSIMO
Doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Nega a existência da alma e do mundo espiritual ou divino. Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso no século XVI, quando assume diferentes formas. Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.
No século XVIII, o francês Julien de la Mettrie (1709-1751), os pensadores da Enciclopédia e o barão de Holbach (1723-1789) lançam o materialismo filosófico, doutrina que considera o homem uma máquina e nega a existência da alma, em oposição ao espiritualismo. No século XIX surge na Alemanha o materialismo científico, que substitui Deus pela razão ou pelo homem, prega que toda explicação científica resulta de um processo psicoquímico e que o pensamento é apenas um produto do cérebro. Seus principais formuladores são Karl Vogt (1817-1895), Ludwig Büchner (1824-1899) e Ludwig Feuerbach (1804-1872). O marxismo, por sua vez, baseia-se numa concepção materialista da história - denominada materialismo histórico por Friedrich Engels (1820-1895) -, pela qual a história do homem é a da luta entre as diferentes classes sociais, determinada pelas relações econômicas da época. O materialismo dialético é constituído como doutrina por Lênin e recebe esse nome porque sua teoria é materialista e seu método, a dialética. No início do século XX, as idéias de pensadores como Richard Avenarius (1843-1896), Ernst Mach (1838-1916) e Wilhelm Ostwald (1853-1932) dão origem ao materialismo energetista, teoria mais filosófica que científica, pela qual espírito e matéria são apenas formas da energia que constituem a realidade.
4.1- MATERIALISMO HISTÓRICO
O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.
De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária pela burguesia.
Esta teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.
O materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.
4.2- FUNDAMENTOS
"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência"
O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.
O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.
As ideias seriam, então, o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.
Segundo Marx, a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria cova.
4.3 – MATERIALISMO DIALÉTICO
No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, que trouxe a implantação de um novo modelo de sociedade, que desde o seu surgimento já é criticada pelas suas contradições internas e principalmente pelas desigualdades sociais que traz consigo. . Na linha destas críticas e do estudo da sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico. Seu método de explicação da sociedade, aplicado à história é o “materialismo histórico e dialético”.
4.3.1 O que afirma o Materialismo?
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.” Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).
4.3.2- O que afirma a Dialética?
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior. A dinâmica HIPÓTESE+DESENVOLVIMENTO+TESE+ANTITESE+DIALÉTICA=SÍNTESE, que expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de idéias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. Outro elemento é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um todo que está relacionado entre si. Há também as contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou não lucro, por exemplos, dentro da Produção, seja essa positiva ou negativa.
4.3.3- Como isto foi aplicado ao estudo histórico?
Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: comunismo primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do trabalho humano e quem beneficiasse dele. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...
4.2.4- O que propõe?
Propõem uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e nos interesses que têm. Bem como a relação destas faz gerar de forma dialética a destruição dos novos modelos de sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político. Fazer-nos pensar em como estas relações fazem com que pequenos homens possam ser considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do contrário.
Tendência filosófica que reduz toda a existência ao pensamento. Opõe-se ao realismo, que afirma a existência dos objetos independentemente do pensamento. No idealismo absoluto, o ser é reduzido à consciência. Ao longo da história da filosofia, ele aparece sob formas menos radicais -não nega categoricamente a existência dos objetos no mundo, mas reduz o problema à questão do conhecimento. O idealismo toma como ponto de partida para a reflexão o sujeito, não o mundo exterior.
O idealismo metódico de Descartes é uma doutrina racionalista que, colocando em dúvida todo o conhecimento estabelecido, parte da certeza do pensar para deduzir, por meio da idéia da existência de Deus, a existência do mundo material. O idealismo dogmático surge com George Berkeley (1685-1753), que considera a realidade do mundo exterior justificada somente pela sua existência anterior na mente divina ou na mente humana. Para ele, "ser é ser percebido".
Immanuel Kant formula o idealismo transcendental, no qual o objeto é algo que só existe em uma relação de conhecimento. Ele distingue, portanto, o conhecimento que temos dos objetos, sempre submetidos a modos especificamente humanos de conhecer, como as idéias de espaço e tempo, dos objetos em si, que jamais serão conhecidos. Na literatura, o romantismo adota boa parte dessas idéias.
Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e Friedrich von Schelling (1775-1854) desenvolvem esse conceito e se tornam expoentes do idealismo alemão pós-kantiano. Eles conferem às idéias de Kant um sentido mais subjetivo e menos crítico: desconsideram a noção da coisa-em-si e tomam o real como produto da consciência humana. Friedrich Hegel (1770-1831) emprega o termo idealismo absoluto para caracterizar sua metafísica. Ao considerar a realidade como um processo, ele discute o desenvolvimento da idéia pura (tese), que cria um objeto oposto a si - a natureza (antítese) -, e a superação dessa contradição no espírito (síntese). Esse movimento se dá na história até que o espírito se torne espírito absoluto, ou seja, supere todas as contradições, por meio da dialética, e veja o mundo como uma criação sua.
4 MATERIALSIMO
Doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Nega a existência da alma e do mundo espiritual ou divino. Formulada pela primeira vez no século VI a.C., na Grécia, ganha impulso no século XVI, quando assume diferentes formas. Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.
No século XVIII, o francês Julien de la Mettrie (1709-1751), os pensadores da Enciclopédia e o barão de Holbach (1723-1789) lançam o materialismo filosófico, doutrina que considera o homem uma máquina e nega a existência da alma, em oposição ao espiritualismo. No século XIX surge na Alemanha o materialismo científico, que substitui Deus pela razão ou pelo homem, prega que toda explicação científica resulta de um processo psicoquímico e que o pensamento é apenas um produto do cérebro. Seus principais formuladores são Karl Vogt (1817-1895), Ludwig Büchner (1824-1899) e Ludwig Feuerbach (1804-1872). O marxismo, por sua vez, baseia-se numa concepção materialista da história - denominada materialismo histórico por Friedrich Engels (1820-1895) -, pela qual a história do homem é a da luta entre as diferentes classes sociais, determinada pelas relações econômicas da época. O materialismo dialético é constituído como doutrina por Lênin e recebe esse nome porque sua teoria é materialista e seu método, a dialética. No início do século XX, as idéias de pensadores como Richard Avenarius (1843-1896), Ernst Mach (1838-1916) e Wilhelm Ostwald (1853-1932) dão origem ao materialismo energetista, teoria mais filosófica que científica, pela qual espírito e matéria são apenas formas da energia que constituem a realidade.
4.1- MATERIALISMO HISTÓRICO
O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(1818-1883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explanatório foi expandido e refinada por milhares de estudos acadêmicos desde a morte de Marx.
De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria a classe operária pela burguesia.
Esta teoria de evolucionismo histórico fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes comunistas pela "Revolução", ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.
O materialismo histórico como propulsor da evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.
4.2- FUNDAMENTOS
"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência"
O materialismo histórico, pensamento desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.
O fato de Marx estar ligado a essa percepção material da vida e, por conseguinte, vinculado ao entendimento das relações humanas a partir dessa lógica da realidade que se faz presente no cotidiano das pessoas, nos dá a possibilidade para compreendermos que o pensamento marxista se estrutura, principalmente, por meio da inversão do pensamento Hegeliano. O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. A realidade dos povos, segundo Marx, não pode ser explanada a partir de um parâmetro que entenda as ideias como um fator que figurem em primeiro plano, uma vez que estas somente encontram o seu valor enquanto fornecedoras dos alicerces que sustentam a imensa estrutura econômica, que nada mais é do que o próprio mundo material, o mundo real.
As ideias seriam, então, o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. Assim sendo, Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.
Segundo Marx, a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria cova.
4.3 – MATERIALISMO DIALÉTICO
No século XIX, houve a efetivação da sociedade burguesa e a implantação do capitalismo industrial, que trouxe a implantação de um novo modelo de sociedade, que desde o seu surgimento já é criticada pelas suas contradições internas e principalmente pelas desigualdades sociais que traz consigo. . Na linha destas críticas e do estudo da sociedade capitalista destacam-se dois pensadores: Karl Marx e Friedrich Engels. Ambos elaboram uma nova concepção filosófica do mundo, o “materialismo histórico e dialético”, e ao fazerem a crítica da sociedade em que vivem, apresentam propostas para sua transformação: o socialismo científico. Seu método de explicação da sociedade, aplicado à história é o “materialismo histórico e dialético”.
4.3.1 O que afirma o Materialismo?
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.” Afirma que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "super-estrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. Segundo Marx, a base material é formada por forças produtivas (que são as ferramentas, as máquinas, as técnicas, tudo aquilo que permite a produção) e por relações de produção (relações entre os que são proprietários dos meios de produção, as terras, as matérias primas, as máquinas e aqueles que possuem apenas a força de trabalho).
4.3.2- O que afirma a Dialética?
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior. A dinâmica HIPÓTESE+DESENVOLVIMENTO+TESE+ANTITESE+DIALÉTICA=SÍNTESE, que expressa a contundência deste ensinamento, afirmando que tudo é fruto da luta de idéias e forças, que na sua oposição geram a realidade concreta, que uma vez sendo síntese da disputa, torna-se novamente tese, que já carrega consigo o seu oposto da sua antítese, que numa nova luta de um ciclo infinito gerará o novo. A nova síntese. A hipótese fundamental da dialética é de que não existe nada eterno, fixo, pois tudo está em perpétua transformação, tudo está sujeito ao contexto histórico do dinâmico e da transformação. Outro elemento é a ideia de totalidade, a percepção da realidade social como um todo que está relacionado entre si. Há também as contradições internas da realidade, em relação ao valor e não valor, lucro ou não lucro, por exemplos, dentro da Produção, seja essa positiva ou negativa.
4.3.3- Como isto foi aplicado ao estudo histórico?
Marx utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar determinado fato histórico, ele procurava seus elementos contraditórios, buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. No Prefácio do livro "Contribuição à crítica da economia política", Marx identificou na História, de maneira geral, os seguintes estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou modos de produção: comunismo primitivo, o asiático, o escravista (da Grécia e de Roma), o feudal e o burguês. Ou seja, dividiu a história em períodos conforme a organização do trabalho humano e quem beneficiasse dele. Marx desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator determinante da organização política e das representações intelectuais de uma época. Se realidade não é estática, mas dialética e está em transformação pelas suas contradições internas. Assim, a base material ou econômica constitui a "infra-estrutura" da sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral) da época. No processo histórico, essas contradições são geradas pelas lutas entre as diferentes classes sociais. Ao chamar a atenção para a sociedade como um todo, para sua organização em classes, para o condicionamento dos indivíduos à classe a que pertencem, esses autores também exercem uma influência decisiva nas formas posteriores de se escrever a história. A evolução de um modo de produção para o outro ocorreu a partir do desenvolvimento das forças produtivas e da luta entre as classes sociais predominantes em cada período. Assim, o movimento da História possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. E conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes...
4.2.4- O que propõe?
Propõem uma disputa que não mais seja baseada em coletividade, mas sim nos indivíduos e nos interesses que têm. Bem como a relação destas faz gerar de forma dialética a destruição dos novos modelos de sociedade, de produção, de pensamento, e de poder econômico e político. Fazer-nos pensar em como estas relações fazem com que pequenos homens possam ser considerados grandes objetos da história e da luta entre pessoas, ao invés do contrário.
CONSCIENCIA E CONSCIENCIA SOCIAL - ALIENAÇÃO SOCIAL - TIPOS DE ALIENAÇÃO SOCIAL
Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
Curso: Serviço Social
Disciplina: Fundamentos Filosóficos aplicados ao Serviço Social
Série: 1º ano Ano: 2010
Docente: Profº. Mestrando João Bôsco Almeida Cruz
Conteúdo para o 3º bimestre
1. CONSCIÊNCIA E CONSCIÊNCIA SOCIAL
Antes de procurar uma definição de “consciência social” é oportuno buscar um entendimento do que é “consciência”. Consciência é um termo que provém do latim “conscientia” que significa conhecimento, o cumprimento do dever, o zelo ao se executar um trabalho e a responsabilidade do que se faz. Partindo desta significação conclui-se que “consciência” tem estreita ligação com o entendimento do que é bom e do que é ruim, do bem e do mal; envolvendo em sua significação o entendimento, a moralidade, a ética e sendo assim, a consciência assume um papel de crítica e juízo dos atos do homem, sendo também um agente de proibição ou permissão dos seus atos e, como conseqüência disso, passa a ser um agente de julgamento dos atos à sua volta, aprovando ou reprovando tudo o que acontece e tudo isso conceituado de acordo com os valores e conhecimentos em vigor. Então: “consciência é um agente de critério para as ações e toda consciência é intencional e é quem dá sentido às ações”.
O homem (Homo sapiens) é a única criatura racional, portanto, que pensa e tem consciência de seus atos. O homem é capaz de dar um significado do que toma consciência, é capaz de transmitir esse significado e é capaz de idealizar e projetar, antecipando assim ações e reações futuras.
Após termos entendimento de tudo isso podemos até por dedução definir “consciência social” como ”a forma com a qual o homem lida com as regras que regem a sua vida e é o que organiza e dá sentido ao que é vivido coletivamente, ou seja, organizando e dando sentido à vida social ou ao viver em sociedade”.
O homem ao tornar-se racional, e assim consciente, passou a adquirir e acumular conhecimento e ao transformar esse conhecimento em cultura passou a transformar o mundo em que vive, moldando-o de acordo com as suas necessidades e aspirações. Da consciência individual emerge a consciência social ou coletiva. Ao existir uma vida social, o homem como ser racional e consciente, ocupa-se em entender essa vida social, a planejar ações que a harmonizem, a procurar evitar as ações que a desarmonizam e eis que surge a sociologia como a “ciência que estuda as relações sociais”.
A sociologia vê a consciência como coletiva e não é que ela exclua a consciência individual, mas o seu objeto de estudo e a sua razão de ser é o que é coletivo, encarando o que é individual como parte desse coletivo, ou seja, a sociologia ocupa-se da “consciência social” e é esta consciência social que mantém a estrutura da sociedade e que busca através da harmonia coletiva possibilitar que cada homem alcance a harmonia em si mesmo.
2. ALIENAÇÃO SOCIAL
Dois autores são importantes para entender os conceitos de Alienação: Marx e Durkheim.
O indivíduo alienado é aquele que se submete aos valores e instituições que o cerca. Submete-se cegamente sem haver um questionamento.
Alienação seria um problema de legitimidade do controle social, um problema de poder. Ela torna o indivíduo separado da sociedade e, para Marx, quando o indivíduo aliena-se da sociedade ele aliena-se de si mesmo.
Hoje em dia temos vários motivos que alienam, entre eles estão: religiões, partidos políticos, comunicação de massa entre outros. Portanto, para nos proteger contra esse mal, devemos nos prevenir, tendo um senso crítico e ficando atento ao que tentam nos impor a cada dia que passa.
2.1 Algumas formas de alienação
2.1.1- Religião
A Religião é um dos principais fatores de alienação de um indivíduo. Conseguem encontrar nela uma verdade diferente da ciência e muitas vezes, verdades que a ciência também não pode dar. Verdades que são infundadas e muitas vezes batem de frente com o pensamento racional científico.
Mas por que a religião é um fato de alienação? Justamente pelas suas verdades aceitas sem questionamento. A justificativa é sempre: "está escrito na bíblia", ou "deus nos revelou". Não há uma busca efetiva pela verdade, pois esta já foi supostamente "revelada".
A frase mais perfeita para demonstrar essa alienação pela religião, misticismo, ou coisas deste tipo é a de Karl Marx: "A religião é o ópio do povo". esta frase consegue resumir o mal, a cegueira e a dependência causada no indivíduo por ela.
Mas muito se diz hoje em dia, que precisamos de religião para educarmos nossos filhos ou para estabelecermos uma sociedade melhor e coisas assim. Será que isso é realmente necessário? Devemos abandonar o racionalismo para educarmos nossos filhos com figuras mitológicas? É correto guiarmos uma sociedade para uma realidade ilusória, cheio de esperanças inalcançáveis, esperanças essas que muitas vezes são necessários agressões contra o corpo, sacrifícios infundados e idolatrias exacerbadas para "tentar" alcançá-las?
Bem, realmente religião e ciência não combinam, pois uma conhece a verdade, e a outra está sempre a sua procura. É por esse motivo que as religiões e seitas têm muitos adeptos, pois é mais fácil aceitar a verdade imposta, do que procurar por ela.
Além disso, voltando ao assunto da alienação, a religião tira a atenção dos indivíduos para os verdadeiros problemas que acercam a sociedade. Assistia a um programa evangélico na televisão, quando um pastor começou a fazer propaganda da revista da igreja: "É uma revista muito boa, custa R$ 9,00 e não deixa nada a dever para revistas como "Veja"ou "Isto É". Só que nossa revista fala de assuntos que nos importam, não falamos desses assuntos, como: Política, economia...... Falamos do que realmente precisamos, da nossa fé, nossa alma e de encontros com Deus , pois são esses assuntos que precisamos estar cientes". Isto é um caso de Alienação explícita, porém, muitas vezes os fatos nos são entregues de maneira implícita e, devemos reconhecê-los para nos proteger desse verdadeiro mal, que não é um "pecado" ou um "karma", mas sim uma patologia social.
Por que devemos rezar junto com o Padre Marcelo no programa do Gugu, para acabar com a violência urbana? Não seria "mais eficaz" exigirmos melhorias na segurança pública para o governo? Está aí a questão da alienação enquanto um mal social: Devemos orar ou agir? Esta é a questão. Enquanto se ora, não se luta. Mas muitos podem dizer que algumas igrejas fazem trabalhos significativos para a sociedade. Não devemos desmerecer essas ações isoladas, mas devemos observar a que preço isto é feito.
O indivíduo em uma religião muitas vezes não consegue enxergar a verdade, por essa instituição já ter-lhe colocados verdades previamente escolhidas e moldadas. Ele fica à mercê dos sacerdotes, pastores, entre outros e por se entregarem à uma fé cega, tornam-se escravos de "Deus", ou de seus interlocutores na terra.
A religião é importante, mas não deve ser aceitos sem ser questionados alguns elementos.
2.1.2- Comunicação de Massa
Não há dúvidas que os meios de comunicação em massa são responsáveis por alienar indivíduos. E, para entender isso, é necessário entender quem produz essa comunicação de massa, que é chamado de Indústria Cultural.
A massa necessita sempre de algo "novo", porém, produzir sempre obras novas é muito caro. A Indústria Cultural utiliza então o artifício da padronização, modificando apenas o rótulo de uma obra e utilizando sempre seus moldes. Isso é oferecido à massa como algo inédito, aceitando-a (Lembre-se da famosa frase usada nos meios de comunicação: "nada se cria; tudo se copia..."). Por exemplo, a obra "Romeu e Julieta" foi algo novo quando Shakespeare o escreveu. O filme "Titanic"também surgiu como algo novo, porém, as duas obras são semelhantes. O filme "Titanic" seguiria a mesma linha que a de "Romeu e Julieta", mudando apenas os artistas e o local dos fatos: "Um jovem se apaixona por uma garota, mas não pode ficar com ela por causa de uma tragédia". Esse roteiro acontece em inúmeras obras "Hollywoodianas". Copia-se o que já foi novo e fez sucesso e vende-se como inédito. Isso é a padronização de obras. Não acontece apenas em filmes, acontece em todos os meios da comunicação: rádio, tv, internet, jornal...
Essa palavra-chave: "padronizar"; é a palavra necessária para se entender a dominação. Não há como dominar um grupo que: "fala 300 línguas diferentes; tem hábitos diferentes a cada esquina; utiliza 8 tipos de moedas diferentes; possui 55 diferentes religiões principais". É preciso transformar isso em uma unidade padronizada para dominá-la. Os indivíduos à serem dominados devem agir, pensar, se vestir e gostar das mesmas coisas, assim é mais fácil centrar seus objetivos e submeter esse grupo à seus interesses.
E o que é dominar? É justamente subjugar alguém ou algum grupo. Ao fazer isso, tira-se a autonomia desse indivíduo ou grupo, tornando-o manipulável e, dessa forma, o objeto da manipulação aliena-se, pois está vendo o que deve ser visto, ouvindo o que deve ser ouvido e lendo o que deve ser lido - segundo seu dominante.
Comunicação de massa, portanto, é um produto da indústria cultural, com o objetivo de alienar grupos para conquistar cada vez mais poder para os que estão no topo dessa indústria. É o objeto com que as classes dominantes utilizam para subjugar um povo.
2.1.3- Ideologias
Segundo Martins e Aranha, ideologia significa "o conjunto de idéias sistematizadas que justificam determinadas práticas".
Gramisci dizia que há ideologias capazes de modificar as situações históricas, organizando homens e dando-lhes consciência de luta.
Marx já vê que não são as idéias que movem o mundo, mas sim as situações das condições econômicas em que estas se encontram.
Hoje em dia, vemos inúmeros discursos ideológicos. É o caso de partidos políticos por exemplo. Esse partido pode aparecer com um discurso de que se a polícia fosse mais severa, a violência urbana diminuiria. Será? A violência urbana não estaria ligada também a outros fatores como socio-econômicos? Bem, se você estiver encantado com o discurso do partido, certamente iria ganhar seu voto. Mas se você não se deixa cegar pela ideologia desse partido e começar a observar todo o contexto em que a violência está inserida, talvez esse partido não ganhe mais seu voto.
A ideologia aliena. E estamos constantemente sendo bombardeados pela ideologia dos estratos superiores da sociedade. E o que ela causa? Cegueira. No exemplo anterior do partido político, uma pessoa embriagada por aquela ideologia, terá a certeza de que se a polícia "bater"mais, a violência diminuirá. Esse indivíduo não enxergaria a situação que precede essa violência e estaria enxergando apenas um aspecto menor que seria a maior agressividade da polícia. Vai deixar de observar quão amplo e complexo é o tema da violência urbana.
Outro exemplo seria quando havia a guerra-fria. Nessa época, um indivíduo americano (dos EUA!!!) achava que o mal do planeta eram os comunistas, os soviéticos "comedores de criancinhas", pois havia uma ideologia do estado para que essa imagem se mantivesse. Já na URSS, um soviético pensaria as mesmas coisas de um americano. Por causa de duas ideologias antagônicas houve um impasse: Quem era o malvado da estória? A ideologia cegara a ambos sem poderem discutir realmente os problemas maiores que envolviam a situação. estavam o soviético e o americano alienados aos reais problemas do conflito.
Muitas vezes a ideologia, além de ser totalmente "má", torna-se positiva por unir grupos para atingirem certos objetivos, porém, mesmo assim ela continuará exercendo seu papel alienante.
Mais uma vez digo que a ideologia aliena e, devemos nós saber como se precaver dela e o que de bom dela poder retirar. Devemos estar atento e filtrar toda mensagem de cunho ideológico que nos bombardeia todos os dias.
2.1.4Trabalho Alienado
Será que o trabalho aliena o indivíduo? Para Marx existe sim o trabalho alienado. Este seria o trabalho que a sociedade industrial criou, a sociedade dominada pela produção de mercadorias. O trabalho que rompe a ligação entre o homem e sua atividade vital.
Marx descreveu algumas características do trabalho alienados, que aqui estão, citadas por Coutinho, M. C. :
• "a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao sujeito trabalhador";
• "a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao objeto dele";
• "a determinação absoluta do trabalhador pelas necessidades, já que o trabalho (...) não tem para ele outro significado que ser uma fonte de satisfação de suas necessidades, enquanto ele só existe para elas como escravo de suas necessidades";
• "resumir o trabalhador à luta pela subsistência, fazendo com que ele (...) destine sua vida a adquirir meios de vida".
Estão aí as características do trabalho alienado segundo Marx. Características estas que separam o homem de sua naturalidade.
Quem nunca assistiu ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin? Este filme mostrava explicitamente o trabalho em sua forma de alienação. O indivíduo trabalhava em uma fábrica de peças e fazia sempre a mesma coisa: apertava roscas. Mas não sabia para quê? Qual era a finalidade daquilo? Ele era um escravo do trabalho. Não havia uma finalidade para que estivesse fazendo aquilo, a não ser receber o salário no final do mês.
Logicamente, o exemplo é de um filme, mas que não foge da realidade de hoje. Veja nas indústrias. Trabalhadores fazendo repetições sem conhecer muitas vezes o produto final daquele parafuso que ele aperta incansavelmente todos os dias. Sua realidade torna-se limitada e esse trabalho acaba por desumanizar o indivíduo, fazendo-o trabalhar como escravos de suas necessidades.
Podemos disso tirar uma conclusão que, num cenário amplo, a sociedade capitalista aliena o ser humano.
O trabalho realmente pode alienar um indivíduo e, por conseqüência disto, pode alienar-se do mundo por estar vivendo dentro de um espaço limitado. seu conhecimento pode não ir mais longe do que apertar um simples parafuso. E será que um trabalhador como esse consegue discernir a realidade social em que vive?
domingo, 1 de agosto de 2010
IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO SOCIAL
IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO
A variação das condições materiais de uma sociedade constitui a História dessa sociedade e Marx as designou como modos de produção. A História é a mudança, passagem ou transformação de um modo de produção para outro. Tal mudança não se realiza por acaso nem por vontade livre dos seres humanos, mas acontece de acordo com condições econômicas, sociais e culturais já estabelecidas, que podem ser alteradas de uma maneira também determinada, graças à práxis humana diante de tais condições dadas.
O fato de que a mudança de uma sociedade ou a mudança histórica se faça em condições determinadas, levou Marx a afirmar que: “Os homens fazem a História, mas o fazem em condições determinadas”, isto é, que não foram escolhidas por eles. Por isso também, ele disse: “Os homens fazem a História, mas não sabem que a fazem”.
Estamos, aqui, diante de uma situação coletiva muito parecida com a que encontramos no caso de nossa vida psíquica individual. Assim como julgamos que nossa consciência sabe tudo, pode tudo, faz o que pensa e quer, mas, na realidade, está determinada pelo inconsciente e ignora tal determinação, assim também, na existência social, os seres humanos julgam que sabem o que é a sociedade, dizendo que Deus ou a Natureza ou a Razão a criaram, instituíram a política e a história, e que os homens são seus instrumentos; ou, então, acreditam que fazem o que fazem e pensam o que pensam porque são indivíduos livres, autônomos e com poder para mudar o curso das coisas como e quando quiserem.
Por exemplo, quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse qualquer peso sobre nossas vidas. A mesma coisa acontece quando alguém diz ser pobre “pela vontade de Deus” e não por causas das condições concretas em que vive. Ou quando faz uma afirmação racista, segundo a qual “a Natureza fez alguns superiores e outros inferiores”.
A alienação social é o desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humana também sob o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas. Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas. No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade: no segundo caso, ignoram que a sociedade instituída determina seus pensamentos e ações
As três formas da alienação social
Podemos falar em três grandes formas de alienação existentes nas sociedades modernas ou capitalistas:
1. A alienação social, na qual os humanos não se reconhecem como produtores das instituições sociopolíticas e oscilam entre duas atitudes: ou aceitam passivamente tudo o que existe, por ser tido como natural, divino ou racional, ou se rebelam individualmente, julgando que, por sua própria vontade e inteligência, podem mais do que a realidade que os condiciona. Nos dois casos, a sociedade é o outro (alienus), algo externo a nós, separado de nós, diferente de nós e com poder total ou nenhum poder sobre nós.
2. A alienação econômica, na qual os produtores não se reconhecem como produtores, nem se reconhecem nos objetos produzidos por seu trabalho. Em nossas sociedades modernas, a alienação econômica é dupla:
Em primeiro lugar, os trabalhadores, como classe social, vendem sua força de trabalho aos proprietários do capital (donos das terras, das indústrias, do comércio, dos bancos, das escolas, dos hospitais, das frotas de automóveis, de ônibus ou de aviões, etc.). Vendendo sua força de trabalho no mercado da compra e venda de trabalho), os trabalhadores são mercadorias e, como toda mercadoria, recebem um preço, isto é, o salário. Entretanto, os trabalhadores não percebem que foram reduzidos à condição de coisas que produzem coisas; não percebem que foram desumanizados e coisificados.
Em segundo lugar, os trabalhos produzem alimentos (pelo cultivo da terra e dos animais), objetos de consumo (pela indústria), instrumentos para a produção de outros trabalhos (máquinas), condições para a realização de outros trabalhos (transporte de matérias-primas, de produtos e de trabalhadores). A mercadoria-trabalhador produz mercadorias. Estas, ao deixarem as fazendas, as usinas, as fábricas, os escritórios e entrarem nas lojas, nas feiras, nos supermercados, nos shoppings centers parecem ali estar porque lá foram colocadas (não pensamos no trabalho humano que nelas está cristalizado e não pensamos no trabalho humano realizado para que chegassem até nós) e, como o trabalhador, elas também recebem um preço.
O trabalhador olha os preços e sabe que não poderá adquirir quase nada do que está exposto no comércio, mas não lhe passa pela cabeça que foi ele, não enquanto indivíduo e sim como classe social, quem produziu tudo aquilo com seu trabalho e que não pode ter os produtos porque o preço deles é muito mais alto do que o preço dele, trabalhador, isto é, o seu salário.
Apesar disso, o trabalhador pode, cheio de orgulho, mostrar aos outros as coisas que ele fabrica, ou, se comerciário, que ele vende, aceitando não possuí-las, como se isso fosse muito justo e natural. As mercadorias deixam de ser percebidas como produtos do trabalho e passam a ser vistas como bens em si e por si mesmas (como a propaganda as mostra e oferece). Na primeira forma de alienação econômica, o trabalhador está separado de seu trabalho - este é alguma coisa que tem um preço; é um outro (alienus), que não o trabalhador.
Na segunda forma da alienação econômica, as mercadorias não permitem que o trabalhador se reconheça nelas. Estão separadas dele, são exteriores a ele e podem mais do que ele. As mercadorias são um igualmente um outro, que não o trabalhador.
3. A alienação intelectual, resultante da separação social entre trabalho material (que produz mercadorias) e trabalho intelectual (que produz idéias). A divisão social entre as duas modalidades de trabalho leva a crer que o trabalho material é uma tarefa que não exige conhecimentos, mas apenas habilidades manuais, enquanto o trabalho intelectual é responsável exclusivo pelos conhecimentos. Vivendo numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam. Sua alienação é tripla:
Primeiro, esquecem ou ignoram que suas idéias estão ligadas às opiniões e pontos de vista da classe a que pertencem, isto é, a classe dominante, e imaginam, ao contrário, que são idéias universais, válidas para todos, em todos os tempos e lugares.
Segundo, esquecem ou ignoram que as idéias são produzidas por eles para explicar a realidade e passam a crer que elas se encontram gravadas na própria realidade e que eles apenas as descobrem e descrevem sob a forma de teorias gerais.
Terceiro, esquecendo ou ignorando a origem social das idéias e seu próprio trabalho para criá-las, acreditam que as idéias existem em si e por si mesmas, criam a realidade e a controlam, dirigem e dominam. Pouco a pouco, passam a acreditar que as idéias se produzem umas as outras, são causas e efeitos umas das outras e que somos apenas receptáculos delas ou instrumentos delas. As idéias se tornam separadas de seus autores, externas a eles, transcendentes a eles: tornam-se um outro.
As três grandes formas da alienação (social, econômica e intelectual) são a causa do surgimento, da implantação e do fortalecimento da ideologia.
A ideologia
A alienação social se exprime numa “teoria” do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida.
Um exemplo desse senso comum aparece no caso da “explicação da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da sociedade - sacerdotes, filósofos. cientistas, professores, escritores, jornalistas, artistas -, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e que é a classe dominante de sua sociedade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as idéias de uma das classes sociais - a dominante e dirigente - tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.
A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da idéia de “humanidade”, ou da idéia de “nação’ e “pátria”, ou da idéia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor, etc.
A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as idéias.
Por exemplo, a ideologia afirma que somos todos cidadãos e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, sabemos que isso não acontece de fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas é inferior aos das crianças que estão em escolas particulares, pois o ensino não é de mesma qualidade em ambas; os negros e índios são discriminados como inferiores; os homossexuais são perseguidos como pervertidos, etc.
A maioria, porém, acredita que o fato de ser eleitor, pagar as dívidas e contribuir com os impostos já nos faz cidadãos, sem considerar as condições concretas que fazem alguns serem mais cidadãos do que outros. A função da ideologia é impedir-nos de pensar nessas coisas.
Os procedimentos da ideologia
Como procede a ideologia para obter esse fantástico resultado? Em primeiro lugar, opera por inversão, isto é, coloca os efeitos no lugar das causas e transforma estas últimas em efeitos. Ela opera como o inconsciente: este fabrica imagens e sintomas; aquela fabrica idéias e falsas causalidades.
Por exemplo, o senso comum social afirma que a mulher é um ser frágil, sensitivo, intuitivo, feito para as doçuras do lar e da maternidade e que, por isso, foi destinada, por natureza, para a vida doméstica, o cuidado do marido e da família. Assim o “ser feminino” é colocado como causa da “função social feminina”.
Ora, historicamente, o que ocorreu foi exatamente o contrário: na divisão sexual-social do trabalho e na divisão dos poderes no interior da família, atribuiu-se à mulher um lugar levando-se em conta o lugar masculino: como este era o lugar do domínio, da autoridade e do poder, deu-se à mulher o lugar subordinado e auxiliar, a função complementar e, visto que o número de braços para o trabalho e para a guerra aumentava o poderio do chefe da família e chefe militar, a função reprodutora da mulher tornou-se imprescindível, trazendo como conseqüência sua designação prioritária para a maternidade.
Estabelecidas essas condições sociais, era preciso persuadir as mulheres de que seu lugar e sua função não provinham do modo de organização social, mas da Natureza, e eram excelentes e desejáveis. Para isso, montou-se a ideologia do “ser feminino” e da “função feminina” como naturais e não como históricos e sociais. Como se observa, uma vez implantada uma ideologia, passamos a tomar os efeitos pelas causas.
A segunda maneira de operar da ideologia é a produção do imaginário social, através da imaginação reprodutora. Recolhendo as imagens diretas e imediatas da experiência social (isto é, do modo como vivemos as relações sociais), a ideologia as reproduz, mas transformando-as num conjunto coerente, lógico e sistemático de idéias que funcionam em dois registros: como representações da realidade (sistema explicativo ou teórico) e como normas e regras de conduta e comportamento (sistema prescritivo de normas e valores). Representações, normas e valores formam um tecido de imagens que explicam toda a realidade e prescrevem para toda a sociedade o que ela deve e como deve pensar, falar, sentir e agir. A ideologia assegura, a todos, modos de entender a realidade e de se comportar nela ou diante dela, eliminando dúvidas, ansiedades, angústias, admirações, ocultando as contradições da vida social, bem como as contradições entre esta e as idéias que supostamente a explicam e controlam.
Enfim, uma terceira maneira de operação da ideologia é o silêncio. Um imaginário social se parece com uma frase onde nem tudo é dito, nem pode ser dito, porque, se tudo fosse dito, a frase perderia a coerência, tornar-se-ia incoerente e contraditória e ninguém acreditaria nela. A coerência e a unidade do imaginário social ou ideologia vêm, portanto, do que é silenciado (e, sob esse aspecto, a ideologia opera exatamente como o inconsciente descrito pela psicanálise).
Por exemplo, a ideologia afirma que o adultério é crime (tanto assim que homens que matam suas esposas e os amantes delas são considerados inocentes porque praticaram um ato em nome da honra), que a virgindade feminina é preciosa e que o homossexualismo é uma perversão e uma doença grave (tão grave que, para alguns, Deus resolveu punir os homossexuais enviando a peste, isto é, a Aids).
O que está sendo silenciado pela ideologia? Os motivos pelos quais, em nossa sociedade. o vínculo entre sexo e procriação é tão importante (coisa que não acontece em todas as sociedades, mas apenas em algumas, como a nossa). Nossa sociedade exige a procriação legítima e legal a que se realiza pelos laços do casamento, porque ela garante, para a classe dominante, a transmissão do capital aos herdeiros. Assim sendo, o adultério e a perda da virgindade são perigosos para o capital e para a transmissão legal da riqueza; por isso, o primeiro se torna crime e a segunda é valorizada como virtude suprema das mulheres jovens.
Em nossa sociedade, a reprodução da força de trabalho se faz pelo alimento do número de trabalhadores e, portanto, a procriação é considerada fundamental para o aumento do capital que precisa da mão-de-obra. Por esse motivo, toda sexualidade que não se realizar com finalidade reprodutiva será considerada anormal, perversa e doentia, donde a condenação do homossexualismo. A ideologia, porém, perderia sua força e coerência se dissesse essas coisas e por isso as silencia.
Ideologia e inconsciente
Dissemos que a ideologia se assemelha ao inconsciente freudiano. Há, pelo menos, três semelhanças principais entre eles:
1. o fato de que adotamos crenças, opiniões, idéias sem saber de onde vieram, sem pensar em suas causas e motivos, sem avaliar se são ou não coerentes e verdadeiras;
2. ideologia e inconsciente operam através do imaginário (as representações e regras saídas da experiência imediata) e do silêncio, realizando-se indiretamente perante a consciência. Falamos, agimos, pensamos, temos comportamentos e práticas que nos parecem perfeitamente naturais e racionais porque a sociedade os repete, os aceita, os incute em nós pela família, pela escola, pelos livros, pelos meios de comunicação, pelas relações de trabalho, pelas práticas políticas. Um véu de imagens estabelecidas interpõe-se entre nossa consciência e a realidade;
3. inconsciente e ideologia não são deliberações voluntárias. O inconsciente precisa de imagens, substitutos, sonhos, lapsos, atos falhos, sintomas, sublimação para manifestar-se e, ao mesmo tempo, esconder-se da consciência. A ideologia precisa das idéias-imagens, da inversão de causas e efeitos, do silêncio para manifestar os interesses da classe dominante e escondê-los como interesse de uma única classe social. A ideologia não é o resultado de uma vontade deliberada de uma classe social para enganar a sociedade, mas é o efeito necessário da existência social da exploração e dominação, é a interpretação imaginária da sociedade do ponto de vista de uma única classe social.
Erguendo o véu, tirando a máscara
Diante do poder do inconsciente e da ideologia poderíamos ser levados a “entregar os pontos”, dizendo: Para que tanto esforço na teoria do conhecimento, se, afinal, tudo é ilusão, véu e máscara? Para que compreender a atividade da consciência, se ela é a “pobre coitada”, espremida entre o id e o super-ego, esmagada entre a classe dominante e os ideólogos?
Todavia, uma pergunta também é possível:
Como, sendo a consciência tão frágil, o Inconsciente e a ideologia tão poderosos, Freud e Marx chegaram a conhecê-los, explicar seus modos de funcionamento e suas finalidades?
No caso de Freud, foram a prática médica e a busca de uma técnica terapêutica para os indivíduos que permitiram a descoberta do inconsciente e o trabalho teórico de onde nasceu a psicanálise. No caso de Marx, foi a decisão de compreender a realidade a partir da prática política de uma classe social (os trabalhadores) que permitiu a percepção dos mecanismos de dominação e exploração sociais, de onde surgiu a formulação teórica da ideologia.
A busca da cura dos sofrimentos psíquicos, em Freud, e a luta pela emancipação dos explorados, em Marx, criaram condições para uma tomada de consciência pela qual o sujeito do conhecimento pôde recomeçar a crítica das ilusões e dos preconceitos que iniciara desde a Grécia, mas, agora, como crítica de suas próprias ilusões e preconceitos.
Em lugar de invalidar a razão, a reflexão, o pensamento e a busca da verdade, as descobertas do inconsciente e da ideologia fizeram o sujeito do conhecirnerto conhecer as condições - psíquicas, sociais, históricas - nas quais o conhecimento e o pensamento se realizam.
Como disseram os filósofos existencialistas acerca dessas descobertas:
Encarnaram o sujeito num corpo vivido real e numa história coletiva real, situaram o sujeito. Desvendando os obstáculos psíquicos e histórico-sociais para o conhecimento, puseram em primeiro plano as relações entre pensar e agir, ou, como se costuma dizer entre a teoria e a prática.
Marilena Chauí, “Convite à filosofia” – Ed. Ática, p.172-5
A CONSCIÊNCIA SOCIAL EM MARX
Marx com a sua nova concepção materialista da história, pôs em causa a corrente filosófica idealista alemã que até então predominou na sua essência.
Para Marx era necessário dar resposta, a que se deve o desenvolvimento da razão e da moral, porque são elas diferentes em épocas diversas e em representantes de classes e grupos sociais distintos.
Para estas interrogações, não havia uma resposta. No melhor dos casos estudavam-se apenas as ideias que motivavam a actividade dos homens e, geralmente não se pensava na origem dessas ideias. As ideias governavam o mundo e determinavam a vida social, sendo esta a essência da concepção idealista da história, que predominou até ao surgimento do materialismo.
Os homens organizavam as suas relações em função de representações dogmáticas religiosas, de seres imagináveis. Esta maneira de pensar tem para Marx consequências perniciosas. Era necessário pôr em causa tais ideias e ensinar o homem a substituir essas ilusões por pensamentos que correspondam à realidade objectiva.
Partindo das posições da nova concepção do mundo, científica e proletária, Marx axaminava as principais tendências da filosofia contemporânea do seu país. Submetia à crítica o idealismo objectivo de Hegel e as concepções idealistas dos jovens hegelianos.
Reconhecendo a essência materialista da filosofia de Feuerbach, mostrou ao mesmo tempo a natureza inconsequente da sua doutrina e o carácter limitado e metafísico das suas ideias sobre a sociedade.
Para Marx, a história deixa de ser a acção imaginária de sujeitos imagináveis, como a apresentam os idealistas, passando a ser a história da luta de classes.
Assim, ao idealismo alemão, como doutrina filosófica, que considerava o carácter primário da ideia, do espírito e da consciência, acima do carácter considerado secundário, da matéria, da natureza e do ser, Marx afirma o contrário através da sua doutrina materialista, segundo a qual, é a natureza, a matéria e o ser social, que são determinantes do espírito, das ideias e da consciência social, consciência que se explica pela contradição da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas e as relações sociais de produção.
Segundo Marx, as ideias, os princípios morais e as teorias, contribuem para a construção da sociedade, mas unicamente com a condição de que não contradigam as possibilidades e leis objectivas da sua existência e desenvolvimento.
É pois, pela exigência de levar em conta as condições objectivas da vida social, ao contrário do que sucedia com o idealismo, que começa a compreensão materialista da história. Para Marx o conhecimento das leis objectivas do desenvolvimento da natureza, da sociedade e da produção material, que não dependem da consciência, resulta do facto da matéria ser uma realidade objectiva.
A consciência, que para os idealistas determinava o seu ser, deixa de ser, para a concepção materialista determinante, sendo determinada pelo ser social.
Historicamente, a primeira forma de consciência, foi a consciência prática e comum, quando o homem nada mais possuia na sua bagagem senão, conhecimentos adquiridos por via da imitação e tomados dos costumes, tradições, relatos e lendas. Sendo esta a consciência predominante no idealismo alemão.
Esta consciência desenvolve-se e aperfeiçoa-se posteriormente, devido ao aumento da produtividade e das necessidades da população. O homem passa a ter necessidade de se relacionar com os indivíduos que o cercam, surgindo assim, uma nova forma de consciência, a consciência social. No desenvolvimento desta forma de consciência, operaram-se mudanças substanciais, quando mercê da obtenção de produto excedente, apareceu para certo grupo de pessoas, a possibilidade de não trabalhar, para obter os meios de subsistência, dedicando-se à natureza, à sociedade e ao homem.
Para Marx, surge assim, a divisão da sociedade em classes e, dentro da classe dominante um grupo de ideólogos, cuja função social era consagrarem-se à actividade intelectual e, entre outras coisas, Promover as ideias da classe dominante, no seio da parte restante da sociedade.
A separação entre trabalho intelectual e manual e, a conversão do primeiro em privilégio da classe dominante, deu origem a um novo nível de consciência social - o nível teórico.
A consciência social, desempenha um papel importante na vida da sociedade, cumprindo uma série de funções sociais específicas, sendo a primeira a de que pode ser conhecida.
Os resultados do conhecimento e da prática, fixam-se em objectivos materiais, mas também na consciência social. Assim, os resultados do conhecimento da natureza, inscrevem-se no domínio das ciências naturais, enquanto o fruto da investigação da sociedade, na área das ciências sociais.
A consciência social serve ainda, para expressar os interesses de tais ou tais grupos sociais e de toda a sociedade. As ideias dos homens sobre a vida da sociedade, desdobram-se em ideias práticas comuns, que se obtêm mediante relações com outros homens, no processo de formação de um ou outro meio social e, em ideias teóricas que se alcançam através do estudo das ciências sociais.
A consciência social, segundo Marx, manifesta-se na vida social em diversos campos específicos, que se denominam formas de consciência social, como: a ideologia política e jurídica, a moral, a arte, a ciência, a filosofia e a religião.
A alienação para Marx, como etapa final do sistema capitalista idealista, é generalizada. Considerando que existe uma crescente irracionalidade do sistema.
Assim, Marx afirma que o trabalho criador de valor de troca, se caracteriza pelo facto de as relações sociais entre pessoas, surgirem como que transformadas numa relação social entre coisas. Para Marx, a concepção de alienação, extravasa em particular do económico, sobre o ideológico e o político. Sendo certo, que ele se preocupou fundamentalmente com a alienação do trabalhador assalariado que era como que (robotizado) totalmente alienado, mais não sendo que uma fonte de energia, distinguindo-se de outras pelo facto de esta ser dotada de inteligência, o que lhe permite adquirir consciência da sua alienação, mostrando, pela sua contestação, que é em definitivo algo de diferente da fonte de energia a que o tentavam reduzir.
Para Marx era necessário dar resposta, a que se deve o desenvolvimento da razão e da moral, porque são elas diferentes em épocas diversas e em representantes de classes e grupos sociais distintos.
Para estas interrogações, não havia uma resposta. No melhor dos casos estudavam-se apenas as ideias que motivavam a actividade dos homens e, geralmente não se pensava na origem dessas ideias. As ideias governavam o mundo e determinavam a vida social, sendo esta a essência da concepção idealista da história, que predominou até ao surgimento do materialismo.
Os homens organizavam as suas relações em função de representações dogmáticas religiosas, de seres imagináveis. Esta maneira de pensar tem para Marx consequências perniciosas. Era necessário pôr em causa tais ideias e ensinar o homem a substituir essas ilusões por pensamentos que correspondam à realidade objectiva.
Partindo das posições da nova concepção do mundo, científica e proletária, Marx axaminava as principais tendências da filosofia contemporânea do seu país. Submetia à crítica o idealismo objectivo de Hegel e as concepções idealistas dos jovens hegelianos.
Reconhecendo a essência materialista da filosofia de Feuerbach, mostrou ao mesmo tempo a natureza inconsequente da sua doutrina e o carácter limitado e metafísico das suas ideias sobre a sociedade.
Para Marx, a história deixa de ser a acção imaginária de sujeitos imagináveis, como a apresentam os idealistas, passando a ser a história da luta de classes.
Assim, ao idealismo alemão, como doutrina filosófica, que considerava o carácter primário da ideia, do espírito e da consciência, acima do carácter considerado secundário, da matéria, da natureza e do ser, Marx afirma o contrário através da sua doutrina materialista, segundo a qual, é a natureza, a matéria e o ser social, que são determinantes do espírito, das ideias e da consciência social, consciência que se explica pela contradição da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas e as relações sociais de produção.
Segundo Marx, as ideias, os princípios morais e as teorias, contribuem para a construção da sociedade, mas unicamente com a condição de que não contradigam as possibilidades e leis objectivas da sua existência e desenvolvimento.
É pois, pela exigência de levar em conta as condições objectivas da vida social, ao contrário do que sucedia com o idealismo, que começa a compreensão materialista da história. Para Marx o conhecimento das leis objectivas do desenvolvimento da natureza, da sociedade e da produção material, que não dependem da consciência, resulta do facto da matéria ser uma realidade objectiva.
A consciência, que para os idealistas determinava o seu ser, deixa de ser, para a concepção materialista determinante, sendo determinada pelo ser social.
Historicamente, a primeira forma de consciência, foi a consciência prática e comum, quando o homem nada mais possuia na sua bagagem senão, conhecimentos adquiridos por via da imitação e tomados dos costumes, tradições, relatos e lendas. Sendo esta a consciência predominante no idealismo alemão.
Esta consciência desenvolve-se e aperfeiçoa-se posteriormente, devido ao aumento da produtividade e das necessidades da população. O homem passa a ter necessidade de se relacionar com os indivíduos que o cercam, surgindo assim, uma nova forma de consciência, a consciência social. No desenvolvimento desta forma de consciência, operaram-se mudanças substanciais, quando mercê da obtenção de produto excedente, apareceu para certo grupo de pessoas, a possibilidade de não trabalhar, para obter os meios de subsistência, dedicando-se à natureza, à sociedade e ao homem.
Para Marx, surge assim, a divisão da sociedade em classes e, dentro da classe dominante um grupo de ideólogos, cuja função social era consagrarem-se à actividade intelectual e, entre outras coisas, Promover as ideias da classe dominante, no seio da parte restante da sociedade.
A separação entre trabalho intelectual e manual e, a conversão do primeiro em privilégio da classe dominante, deu origem a um novo nível de consciência social - o nível teórico.
A consciência social, desempenha um papel importante na vida da sociedade, cumprindo uma série de funções sociais específicas, sendo a primeira a de que pode ser conhecida.
Os resultados do conhecimento e da prática, fixam-se em objectivos materiais, mas também na consciência social. Assim, os resultados do conhecimento da natureza, inscrevem-se no domínio das ciências naturais, enquanto o fruto da investigação da sociedade, na área das ciências sociais.
A consciência social serve ainda, para expressar os interesses de tais ou tais grupos sociais e de toda a sociedade. As ideias dos homens sobre a vida da sociedade, desdobram-se em ideias práticas comuns, que se obtêm mediante relações com outros homens, no processo de formação de um ou outro meio social e, em ideias teóricas que se alcançam através do estudo das ciências sociais.
A consciência social, segundo Marx, manifesta-se na vida social em diversos campos específicos, que se denominam formas de consciência social, como: a ideologia política e jurídica, a moral, a arte, a ciência, a filosofia e a religião.
A alienação para Marx, como etapa final do sistema capitalista idealista, é generalizada. Considerando que existe uma crescente irracionalidade do sistema.
Assim, Marx afirma que o trabalho criador de valor de troca, se caracteriza pelo facto de as relações sociais entre pessoas, surgirem como que transformadas numa relação social entre coisas. Para Marx, a concepção de alienação, extravasa em particular do económico, sobre o ideológico e o político. Sendo certo, que ele se preocupou fundamentalmente com a alienação do trabalhador assalariado que era como que (robotizado) totalmente alienado, mais não sendo que uma fonte de energia, distinguindo-se de outras pelo facto de esta ser dotada de inteligência, o que lhe permite adquirir consciência da sua alienação, mostrando, pela sua contestação, que é em definitivo algo de diferente da fonte de energia a que o tentavam reduzir.
CONSCIENCIA SOCIAL EM MARX
A Consciência é um Produto Social
São os homens os produtores das suas representações, das suas ideias, etc.; mas os homens reais agentes, tais como são condicionados por um desenvolvimento determinado das suas forças produtivas e das relações que lhes correspondem. (...) A consciência não pode ser coisa diversa do ser consciente e o ser dos homens é o seu processo de vida real.
(...) Desde o início que pesa uma maldição sobre «o espírito», a de estar «manchado» por uma matéria que se apresenta aqui sob a forma de camadas de ar agitadas, de sons, de linguagem em suma. A linguagem é tão velha quanto a consciência - a linguagem é a consciência real, prática, existente também para outros homens, existente também igualmente para mim mesmo pela primeira vez, e, tal como a consciência, a linguagem só aparece com a necessidade, a necessidade de comunicação com os outros homens. (…) A consciência é portanto, desde início, um produto social, e assim sucederá enquanto existirem homens em geral.
Karl Marx, in 'A Ideologia Alemã'
São os homens os produtores das suas representações, das suas ideias, etc.; mas os homens reais agentes, tais como são condicionados por um desenvolvimento determinado das suas forças produtivas e das relações que lhes correspondem. (...) A consciência não pode ser coisa diversa do ser consciente e o ser dos homens é o seu processo de vida real.
(...) Desde o início que pesa uma maldição sobre «o espírito», a de estar «manchado» por uma matéria que se apresenta aqui sob a forma de camadas de ar agitadas, de sons, de linguagem em suma. A linguagem é tão velha quanto a consciência - a linguagem é a consciência real, prática, existente também para outros homens, existente também igualmente para mim mesmo pela primeira vez, e, tal como a consciência, a linguagem só aparece com a necessidade, a necessidade de comunicação com os outros homens. (…) A consciência é portanto, desde início, um produto social, e assim sucederá enquanto existirem homens em geral.
Karl Marx, in 'A Ideologia Alemã'
terça-feira, 13 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
TEMPORADA DE PRAIA NO ARAGUAIA
A cultura da violência que está impregnando nossa sociedade é impressionante. Dias atrás assiste uma reportagem onde os empresários o mundo inteiro estão apelando para propagandas com violência, como se já não bastasse a que já está inpreganada nas próprias pessoas ainda temos que divulgar mais e mais.
Agora de fato quero comentar sobretudo a falta de percepção da sociedade do araguaia, composta sobretudo por Aragarças e Barra do Garças. Ontem dia, 11/07, estavamos na praia em Aragarças para valorizarmos a cultura e descansar quando iniciou-se as apresentações da Academia Corpus, como todo ano acontece. Nada demais até ai, o que chamou a atenção além do desastre das apresentações com coreografias desarmonicas e sem ritmo, foi umas das ultimas músicas com gestos de violência: onde simulavam socos e joelhadas. Ora meu povo, já basta ver isso todos os dias e horas em nossas Tvs quer seriam meios de informações, agora ir a praia para aproveitar uma manoifestação artistica e se deparar com isso é ridiculo.
Agora fica essa pergunta: Onde estão os organizadores que não verificam isso antes? Ou será que hoje podemos tudo? Será que esses atos que parecem tão inocentes e passam despercebidos por alguns não fazer ou surtem efeito mais tarde porque estão guardados em nosso subconsciente?
Espero que na proxima temporada não caiamos no mesmo erro e que os organizadores tenham mais senso de cultura, cultura de crecimento e não de violência e depravação dos valores sociais.
Está dito, pronto.
Agora de fato quero comentar sobretudo a falta de percepção da sociedade do araguaia, composta sobretudo por Aragarças e Barra do Garças. Ontem dia, 11/07, estavamos na praia em Aragarças para valorizarmos a cultura e descansar quando iniciou-se as apresentações da Academia Corpus, como todo ano acontece. Nada demais até ai, o que chamou a atenção além do desastre das apresentações com coreografias desarmonicas e sem ritmo, foi umas das ultimas músicas com gestos de violência: onde simulavam socos e joelhadas. Ora meu povo, já basta ver isso todos os dias e horas em nossas Tvs quer seriam meios de informações, agora ir a praia para aproveitar uma manoifestação artistica e se deparar com isso é ridiculo.
Agora fica essa pergunta: Onde estão os organizadores que não verificam isso antes? Ou será que hoje podemos tudo? Será que esses atos que parecem tão inocentes e passam despercebidos por alguns não fazer ou surtem efeito mais tarde porque estão guardados em nosso subconsciente?
Espero que na proxima temporada não caiamos no mesmo erro e que os organizadores tenham mais senso de cultura, cultura de crecimento e não de violência e depravação dos valores sociais.
Está dito, pronto.
"Ler devia ser proibido" HUMANIZA O HOMEM
LER PODE TORNAR O HOMEM PERIGOSAMENTE HUMANO
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incómodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna colectivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incómodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna colectivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
domingo, 11 de julho de 2010
A IMPORTANCIA DA LEITURA
A página em branco coloca medo no inicio, admito ao caro leitor que esse é o primeiro e mais dificultoso obstáculo a ser enfrentado por mim, no momento em que me deparo com a vontade de escrever ou o dever do ato.
Outro fator necessário é desprender-se nesse momento das barreiras existentes ao redor dessas quatro margens de folha. Tenho que venerar o que está fluindo dentre as entranhas do texto no presente momento, esquecendo-se das moléstias que te aporrinham diariamente e tornam-se o segundo obstáculo do escritor que aqui ortografa esses delírios, de quem já tem pavor da ausência de produção de obras literárias.
Em silêncio com meu primeiro eu, penso e questiono se possuo pouca criatividade ou se o meu cérebro foi corroído por neuroses e psicopatias criadas pela sociedade enferma que contamina um por um que aqui vive.
A resposta vem em seguida do meu primeiro eu dizendo:
_ Não menino, tu estás parando de sonhar e quando parar completamente serás mais triste do que nunca, pois perderás o que mais amas que é escrever e ser diferenciado no modo de pensar e criar.
O dialogo é longo entre o “tico e o téco” e o segundo eu é insistente, não suporta estar errado e pergunta mais uma vez duvidando do talento:
_Mas e agora? Por que parastes eternos minutos pra escrever algumas miseráveis linhas e mesmo assim quando escrevestes, não foi nada louvável e tivestes dúvidas com relação ao tema?
A resposta foi rápida:
_Ansiedade e imediatismo são os que te fazem degustar esse sabor áspero.
E nesse dialogo, encontro o terceiro obstáculo que me faz entrar em crises com relação à criatividade quais sejam: fluências de idéias, desenvolvimento de textos e poesias.
Considero peculiar o modo como escrevo, pois nunca tive hábitos de ler e, quando escrevo, experimento apenas adrenalina e ventura após o termino de cada frase.
Mesmo que supostamente ninguém leia, sinto que o mundo ouve o que arrisco entre os riscos alfabéticos que lutam entre si e constroem a idéia em cima de um texto insano escrito por alguém que simplesmente tem o amor entre os dedos em contato com cada letra. Loucura não é?
Obstáculos sempre existem isso é fatídico e não há escapatória. Temos que vencê-los sempre para sermos felizes naquilo que nos propusermos a fazer, mas o que me impulsiona a escrever? Qual é o dispositivo que acende uma idéia e faz com que eu enfrente a folha branca? Ler? Deveria ser como raras vezes realmente é.
Leio?Sim, aquele que me informa sobre o mundo, utilidades e alguns outros poetas que vejo diferencial inovador e confesso que prefiro os mais insanos que vasculham a alma e a mente de quem lê, ousadia e criatividade são orgásticas e miro minha atenção pra quem as têm.
Mas o que realmente me impulsiona é a vontade de gritar o que sinto, penso, de expor, traduzir ou concluir um sonho sem doses de falso intelecto, pois não há motivos pra isso. Escrevo apenas para minha alma ou ela é quem desabafa. Não escrevo para decifrarem o meu estado ou posar de “o pensador”. A leitura na maioria das vezes e para a maior parte das pessoas é o grande gás para a escrita e isso é obvio, pois quanto mais leitura, mais conhecimento é adquirido. Isso é ótimo e realmente é assim que deveria ser com todos e é o que recomendo.
Só que eu não me permito e me entristeço quando me encaixo naquele ditado medíocre que Chacrinha gorfou nos anos 80 “Nada se cria, tudo se copia” a partir da citação de Lavoisier; “Na natureza nada se cria tudo se transforma”.
Nunca atendi às expectativas de “cartilhas” que nos dão para ser um “ótimo cidadão”, no máximo o que fiz com elas foi pintar ou desenhar em cima das figuras sem graças que as ilustravam e nesses momentos fui mais feliz do que tentar segui-las.
sábado, 10 de julho de 2010
ANTROPOLOGIA CULTURAL: DIVERSIDADE
Diversidade Sexual é o termo usado para designar as várias formas de expressão da sexualidade humana.
O termo é mais usado em assuntos relacionando à militância, artes e ciências; o emprego correto do termo é exemplificado como "Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual", ou seja, uma mostra de cinema e vídeo sobre gays, lésbicas, bissexuais, travestis e trangêneros. Esse festival custeia uma produção de aproximadamente 150 filmes por ano, em sua maioria curtas-metragens estando presente nas salas de cinema de capitais e cidades do Brasil. Além de cinema, o festival foi o primeiro a trazer ao Brasil manifestações como a famosa Parada da Diversidade, Mercado Mundo Mix e elaborou um site que contém alta rotatividade de informações.
O festival, tem hoje versões nas cidades de Brasília, Porto Alegre, Recife e Campinas, e prioriza discutir a diversidade sexual.
Diversidade sexual na legislação brasileira
No Brasil podemos encontrar leis que protegem e defendem as minorias sexuais brasileiras. A Constituição de 88 proíbe quaisquer formas e manifestações de discriminação e hoje existe um projeto de ementa Constitucional no Congresso Nacional do Brasil que defende a inclusão da expressão "orientação sexual" no artigo, banindo, assim este ato de discriminação. Até o Estatuto da Criança e do Adolescente diz em seus Artigos 3º e 5º que punirá na forma da lei os atentados, por ação ou omissão aos direitos da criança. Alguns Estados tem promulgado essas leis que punem a discriminação por orientação sexual.
As penalidades variam de simples advertência, multas e suspensão e cassação do funcionamento do estabelecimento discriminador. No país há um veto em relação à adoção de crianças por homossexuais enquanto casais, mas ninguém impede uma pessoa solteira de adotar um filho, sendo esta homossexual ou não.Em relação ao Direito Previdenciário, a 3ª Vara da Justiça Federal concedeu sentença obrigando o INSS a considerar aos companheiros homossexuais como dependentes preferenciais dos segurados do Regime Geral de Previdência Social.
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