quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A ODISSÉIA - TEXTO E FILME



ODISSÉIA

Odisseia pode-se dividir em 4 grandes partes, embora tenha sido escrita originalmente em 6 livros... É com a história de Telémaco que vive em ítaca com a mãe e que suporta mal a presença dos pretendentes da mãe, que querem tomar o lugar do Ulisses que havia partido para a guerra de Tróia há largos anos, que tudo começa. Atena, disfarçada, aconselha Telémaco a ir à procura do pai e então ele convoca a Assembléia e decide ir em busca do pai.

Vai numa nau até Pilos, a casa do rei Nestor, que lhe conta certas peripéciasda Guerra de Tróia e da morte de Agamémnon. Depois, vai até Esparta com o filho de Nestor e, no palácio de Menelau e de Helena, ouve mais histórias da Guerra. Enquanto Telémaco procurava pelo pai, Hermes é enviado por Zeus a Ogígia para ordenar a Calipso que deixe Ulisses partir e, então, ele faz uma jangada e parte. Em alto mar, sofre uma tempestade e vai ter à Terra dos Feaces, onde se encontra com a princesa Nausícaa.

Ela aconselha-o a ir ao palácio e diz-lhe o que deve fazer para obter ajuda e ser bem recebido. Ulisses, depois de ouvir as histórias do poeta, emociona-se, chora, e o rei Alcínoo pede para ele contar a sua história. Ulisses começa então por contar o dia em que deixaram Tróia para trás e que passaram por várias Terras... No caminho, passaram pela ilha dos ciclopes, onde ele feriu o filho de Poseidon para fugir da sua gruta. Atracaram também na ilha da feiticeira Circe, que transformava os homens em animais (porcos) e segue caminho até ao Hades, mundo dos mortos, para enterrogar Tirésias sobre o seu futuro. Lá no Hades fala com companheiros da Guerra e com a sua mãe, que morrera de saudades... Decide voltar à ilha de Circe e ela avisa-o das sereias, que enfeitiçam os homens, de Cila e de Caríbdis. Segue viagem, mais outra vez, e vai ter à ilha do Sol, onde os seus companheiros matam os animais e morrem todos no mar, excepto Ulisses que vai ter à ilha de Ogígia, onde permanece 7 anos até Calipso o deixar partir. Depois, como já contámos vai ter à ilha dos Feaces, que o ajudam a voltar a ítaca nas suas naus que são melhores que todas e deixam-no a dormir na terra que há muito tinha deixado! Dá-se, então, o regresso de Ulisses a ítaca... Primeiro, esconde os tesouros e vai a casa do porqueiro, onde ouve o porqueiro contar como chegou a ítaca e, disfarçado de mendigo, conta a sua história inventada.

       Telémaco, quando regressa, encontra-se com o pai na casa do porqueiro e Ulisses dá-se a conhecer ao filho e, juntos, combinam como enfrentar os pretendentes. Dá-se uma prova de armar o arco e atirar por entre uns machados e Ulisses, ainda como mendigo, ganha a prova e, de repente, mostra-se como o rei de itaca. Juntamente com Telémaco, com o porqueiro e com o boeiro mata todos os pretendentes! Mais tarde, revela-se a Penélope que o testa e comprova que é mesmo o seu marido... já com tudo "estabilizado" vai visitar o pai, Laertes, que vivia só e triste!             

Resumidamente, esta é a História de Ulisses, a Odisseia de Homero, escrita há já tanto tempo mas que se mantem fiel, através das traduções, seja em que língua for... Além de tudo, Ulisses tem o seu simbolismo. O facto dele se transformar por acção da Deusa pode significar que o ser humano está em contínua mudança, que há forças misteriosas que nos podem ajudar a vencer perigos que achavamos invencíveis e que a nossa aparência, a maneira como nos vêem ou nos vemos a nós próprios é subjectiva, transforma-nos conforme o olhar que sobre nós incide.





FIM


ILÍADA E ODISSÉIA

            Ilíada relata principalmente a guerra de Tróia e a Odisséia relata o retorno de Odisseus para sua casa. Alguns dizem que simbolicamente a Ilíada representa a primeira parte da vida, quando vamos a luta para conquistarmos algo. A Odisséia representa a segunda parte da vida quando voltamos para casa, nosso interior, a espiritualidade. De modo que seria mais adequado apresentar nesta ordem, primeiro a Ilíada e depois a Odisséia. Odisseus é o nome do herói em grego, Ulisses é o nome latino equivalente.

          De modo que acho melhor manter o original em grego. Outro ponto interessante é que os Troianos também eram gregos.

   Eles falavam grego e tinham os mesmos deuses. Naquela época, 1000 anos antes de Cristo (aprox) (os textos foram escritos 800 a.C.) não existia um país chamado Grécia, existiam cidades estado, como Atenas, Esparta, Tróia, etc. De modo que o mais certo é dizer que houve um guerra entre os aqueus e os troianos. Como explico abaixo. A estória mistura realidade com Mitologia. E começa com uma festa no Olimpo em que a deusa da Discórida não foi convidada. E esta, sentindo-se magoada quis criar uma discórdia.

          Lançou uma bola de ouro maciço no meio da festa. Na bola estava gravado os dizeres: "Para a deusa mais bela". Então Hera, Atenas e Afrodite, cada uma achou que devia ser para ela. Houve uma discórida entre elas. Para resolver a discórdia, Zeus disse que deixará Paris, filho do Rei de Tróia decidir qual a mais bela. Então, Hera foi conversar privadamente com Paris para tentar convencê-lo a escolhe-la. Hera disse que se ele a escolhece ela o tornaria uma pessoa poderosa, ganharia qualquer guerra. Atenas também foi conversar com Paris e disse que se ele a escolhece ela o tornaria uma pessoa sábia.

        Afrodite também conversou com Paris e disse que se ele a escolhece ele teria o amor da mulher (mortal) mais bela no mundo, Helena. Paris ponderou e acabou escolhendo o amor de Helena. Interessante que todos temos que fazer escolhas semelhantes. Talvez a cidade de Paris, capital da França, tenha escolhido este nome, em homenagem a escolha do amor, em vez do poder ou sabedoria.

          Como Paris escolheu o amor de Helena, a deusa Afrodite iria ajudá-lo a conseguir o que escolheu. Acontece que Helena por ser muito bela tinha muitos reis pretendentes. Estes reis decidiram deixar Helena escolher e se comprometeram a defende-la caso alguém tentasse rouba-la. Estes eram 12 reis e constituiam os aqueus.


  Quando Paris foi visitar o rei de Esparta (que foi o rei que Helena escolheu para marido) a deusa Afrodite fez com que Helena ficasse apaixonada por ele, e decidiram fugir para Tróia. Então os aqueus tinham que ir busca-la pois haviam se comprometido a protege-la. Bem.. a estória é muito interessante pois existem relações simbólicas com nossa vida, nossas escolhas. Espero ter contribuido. E espero que você continue contribuindo.

A CAIXA DE PANDORA

A CAIXA DE PANDORA

A caixa de Pandora é um mito grego no qual a existência da mulher e dos vários males do mundo são explicados. Tudo começa quando Zeus, o deus de todos os deuses, resolveu arquitetar um plano para se voltar contra a ousadia de Prometeu – que entregara aos homens a capacidade de controlar o fogo.
Para tanto, Zeus decide criar uma mulher repleta de dotes oferecidos pelos deuses e a oferece a Epimeteu, irmão de Prometeu. Antes disso, Prometeu recusou a jovem Pandora de Zeus temendo que ela fizesse parte de algum plano de vingança da divindade roubada. Ao aceitar Pandora, Epimeteu também ganhou uma caixa onde estavam contidos vários males físicos e espirituais que poderiam acometer o mundo.
Desconhecedor do conteúdo, ele foi somente alertado de que aquela caixa não poderia ser aberta em nenhuma hipótese. Com isso, o artefato era mantido em segurança, no fundo de sua morada, cercado por duas gralhas barulhentas. Aproveitando de sua beleza, Pandora convenceu o marido a se livrar das gralhas que lhe causavam espanto.
Após atender ao pedido da esposa, Epimeteu manteve relações com ela e caiu em um sono profundo. Nesse instante, não suportando a própria curiosidade, Pandora abriu a caixa proibida para espiar o seu conteúdo. Naquele momento, ela acabou libertando várias doenças e sentimentos que atormentariam a existência do Homem no mundo.
Zeus assim concluía o seu plano de vingança contra Prometeu. Logo percebendo o erro que cometera, Pandora se apressou em fechar a caixa. Com isso, ela conseguiu preservar o único dom positivo que fora depositado naquele recipiente: a esperança. Dessa forma, o mito da Caixa de Pandora explica como o Homem é capaz de manter-se perseverante mesmo quando as situações se mostram bastante adversas.

Além disso, esse mesmo mito explora a construção da identidade feminina como sendo marcada pela sensualidade e o poder de dissimulação.



AS NOVE RESPOSTAS DE UM SÁBIO...

TALES DE MILETO "ÁGUA"

Tales de Mileto nasceu em Tebas, no ano 625 a.C. e morreu em Atenas em 547 a.C., aos 78 anos. Foi um filósofo grego, fundador da Escola Jônica, considerado como um dos 7 sábios da Grécia Antiga. Matemático, astrônomo e um grande pensador, Tales de Mileto viajou ao Egito, onde realizou estudos e entrou em contato com os mistérios da religião egípcia. É atribuída a ele, a previsão de um eclipse do Sol, no ano de 585 a.C.
Também realizou uma façanha incrível, seu talento matemático era tão pouco comum que conseguiu estabelecer com precisão a altura das pirâmides, apenas medindo a sombra que projetavam.
Alguém disse que foi o primeiro a dar uma explicação lógica, para a ocorrência dos eclipses. Destacou-se principalmente por seus trabalhos em filosofia e matemática. Nesta última ciência, lhe atribuem as primeiras demonstrações de teoremas geométricos, mediante o raciocínio lógico, e foi por estes trabalhos que o consideram o pai da Geometria. Foi o primeiro a sustentar que a Lua brilhava pelo reflexo do Sol, e por conseguinte determinou o número exato de dias, que contém um ano. Para provar que seu conhecimento teria utilidade prática, afirmou que em um determinado ano, a colheita de azeitonas seria excepcional. Então, ele arrendou a maioria das refinarias de azeite de Mileto. Com esta manobra ganhou um bom dinheiro, somente com o propósito de fazer calar os que diziam que a filosofia era um capricho dos ociosos.

As nove respostas de um Sábio


Um sofista se aproximou de Tales de Mileto e tentou confundi-lo com as perguntas mais difíceis. Mas o sábio de Mileto estava à altura da prova, porque respondeu a todas as perguntas sem a menor vacilação, e com a maior exatidão.

1. O que é mais antigo?
– DEUS, porque sempre existiu.
2. O que é mais belo?
– O UNIVERSO, porque é a obra de Deus.
3. Qual é a maior de todas as coisas?
– O ESPAÇO, porque contém tudo do Criador.
4. O que é mais constante?
– A ESPERANÇA, porque permanece no homem, mesmo depois de ter perdido tudo.
5. Qual é a melhor de todas as coisas?
– A VIRTUDE, porque sem ela não existiria nada de bom.
6. Qual é a coisa mais rápida de todas?
– O PENSAMENTO, porque em menos de um minuto, nos permite voar até o final do Universo.
7. Qual é a mais forte de todas as coisas?
– A NECESSIDADE, porque é com ela que o homem enfrenta todos os perigos da vida.
8. O que é o mais fácil de todas as coisas?
– Dar CONSELHOS.

Mas quando chegou a nona pergunta, nosso sábio falou um paradoxo. Deu uma resposta, quiçá não entendida por seu mundano interlocutor.
A pergunta foi esta:
9. O que é o mais difícil?
E o Sábio de Mileto replicou:
“Conhecer-se a si mesmo.”

TALES DE MILETO

Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.
Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.

TALES DE MILETO – VIDA, OBRA E IMPORTÂNCIA BIOGRAFIA:

      Data de nascimento (624 a 546 a. C.). Pai da filosofia e da ciência – comerciante – político – filosófico – matemático – astronômico – engenheiro. Viagens ao Egito e à Babilônia com estudos do saber destes países.
FLASHES DE SUA PRODUÇÃO:
Teoremas: (afirmação que precisa ser demonstrada para se tornar evidente)
a) Uma circunferência é dividida em duas partes iguais por cada um de seus diâmetros.
b) Um triângulo isóceles possui no terceiro lado, na base, dois ângulos iguais.
c) Quando duas retas se cortam, os ângulos opostos são iguais.
d) Um triângulo está completamente determinado pela sua base e os ângulos das extremidades desta.
e) O ângulo inscrito numa semi-circunferência, é sempre um ângulo reto.
EXPERIÊNCIAS: - Medição da altura duma pirâmide no Egito, servindo-se dum bastão de comprimento conhecido e comparando este com o comprimento da sombra por ele produzido.
Com a mesma posição do sol a relação entre a altura da pirâmide e o comprimento de sua sombra deveria ser proporcional do bastão. Medindo a sombra se podia determinar a altura.
- Medição da distância de navios no mar por método semelhante.
- Explicação das enchentes do rio Nilo (o valor está na busca da causa racional). - Previsão de eclipse do Sol.
- 1ª busca duma “ arqué ” racional, considerando a água como tal.

IMPORTÂNCIA:

   -Primeiro fato histórico da construção de teoremas universais: demonstração racional -Reconhecimento que as regras da agrimensura egípcia, empiricamente encontradas, são casos específicos de leis gerais. -Com isso se inicia a geometria pura como ciência.
-Introdução do método da observação.
-Conclusão hipotética de relações causais.
-Racionalização de conhecimentos míticos.

-Questionamento da causa e da origem ( arqué ) de todas as coisas e pressuposição duma causa permanente da universal e continuada transformação de todas as coisas: para ele a água é o princípio (arqué) da unidade na diversidade das coisas: a água como arque secundária e material e água (H²O), como primária e formal é função de conceito, de princípio impessoal (não divino). -Seus trabalhos revelam um avanço no nível da abstração. -Considerado um dos sete sábios da Grécia, o mais importante.

FILME - O MUNDO DE SOFIA

CULTURA E SOCIEDADE

Cultura e sociedade

Podemos definir cultura como sendo um conjunto de características humanas adquiridas pela convivência com determinado grupo de pessoas,que se preservam ou se aprimoram com o passar do tempo entre os indivíduos.
Desde já é necessário desmistificar a ideia de que cultura está associada à natureza ou constituição biológica, uma vez que, estas não são determinantes nas diferenças culturais. O comportamento do indivíduo é resultado de um aprendizado, que lhe foi passado pelas pessoas com quem convive, ou seja, o que define o modo de vida de uma pessoa é a educação que recebe.
Ao falar em cultura devemos salientar o etnocentrismo que é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.  Ou melhor, temos dificuldade de aceitar culturas diferentes, pois estamos adaptados com um padrão de vida e muitas vezes isso gera um medo ou até uma hostilidade para com o que é novo.


A cultura pode ser classificada em Material ou imaterial, real ou ideal. Cultura material consiste em coisas materiais aqueles que podemos ver e tocar tais como instrumentos, artefatos; abrange produtos concretos, construções, etc. Já a cultura imaterial refere-se a elementos intangíveis da cultura, que não têm substância material. Entre eles encontram-se crenças, conhecimentos, hábitos, valores e etc. Cultura real é aquela em que todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam em suas atividades cotidianas. Já acultura ideal é um conjunto de comportamentos expressos verbalmente como bons, para o grupo, mas nem sempre são frequentemente praticados.

domingo, 26 de janeiro de 2014

PRÉ-SOCRÁTICOS

Dualismo Grego

A característica fundamental do pensamento grego está na solução dualista do problema metafísico-teológico, isto é, na solução das relações entre a realidade empírica e o Absoluto que a explique, entre o mundo e Deus, em que Deus e mundo ficam separados um do outro. Conseqüência desse dualismo é o irracionalismo, em que fatalmente finaliza a serena concepção grega do mundo e da vida. O mundo real dos indivíduos e do vir-a-ser depende do princípio eterno da matéria obscura, que tende para Deus como o imperfeito para o perfeito; assimila em parte, a racionalidade de Deus, mas nunca pode chegar até ele porque dele não deriva. E a conseqüência desse irracionalismo outra não pode ser senão o pessimismo: um pessimismo desesperado, porque o grego tinha conhecimento de um absoluto racional, de Deus, mas estava também convicto de que ele não cuida do mundo e da humanidade, que não criou, não conhece, nem governa; e pensava, pelo contrário, que a humanidade é governada pelo Fado, pelo Destino, a saber, pela necessidade irracional. O último remédio desse mal da existência será procurado no ascetismo, considerando-o como a solidão interior e a indiferença heróica para com tudo, a resignação e a renúncia absoluta.

O Gênio Grego

A característica do gênio filosófico grego pode-se compendiar em alguns traços fundamentais: racionalismo, ou seja, a consciência do valor supremo do conhecimento racional; esse racionalismo não é, porém, abstrato, absoluto, mas se integra na experiência, no conhecimento sensível; o conhecimento, pois, não é fechado em si mesmo, mas aberto para o ser, é apreensão (realismo); e esse realismo não se restringe ao âmbito da experiência, mas a transpõe, a transcende para o absoluto, do mundo a Deus, sem o qual o mundo não tem explicação; embora, para os gregos, o "conhecer" - a contemplação, o teorético, o intelecto - tenham a primazia sobre o "operar" - a ação, o prático, a vontade - o segundo elemento todavia, não é anulado pelo primeiro, mas está a ele subordinado; e o otimismo grego, conseqüência lógica do seu próprio racionalismo, cederá lugar ao pessimismo, quando se manifestar toda a irracionalidade da realidade, quando o realismo impuser tal concepção. Todos esses elementos vêm sendo, ainda, organizados numa síntese insuperável, numa unidade harmônica, realizada por meio de um desenvolvimento também harmônico, aperfeiçoado mediante uma crítica profunda. Entre as raças gregas, a cultura, a filosofia são devidas, sobretudo, aos jônios, sendo jônios também os atenienses.

Divisão da História da Filosofia Grega

Os Períodos Principais do Pensamento Grego

Consoante a ordem cronológica e a marcha evolutiva das idéias pode dividir-se a história da filosofia grega em três períodos:
I. Período pré-socrático (séc. VII-V a.C.) - Problemas cosmológicos. Período Naturalista: pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza;
II. Período socrático (séc. IV a.C.) - Problemas metafísicos. Período Sistemático ou Antropológico: o período mais importante da história do pensamento grego (Sócrates, Platão, Aristóteles), em que o interesse pela natureza é integrado com o interesse pelo espírito e são construídos os maiores sistemas filosóficos, culminando com Aristóteles;
III. Período pós-socrático (séc. IV a.C. - VI p.C.) - Problemas morais. Período Ético: em que o interesse filosófico é voltado para os problemas morais, decaindo entretanto a metafísica;
IV. Período Religioso: assim chamado pela importância dada à religião, para resolver o problema da vida, que a razão não resolve integralmente. O primeiro período é de formação, o segundo de apogeu, o terceiro de decadência.

Primeiro Período

O primeiro período do pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque a nascente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o começo de um novo período na história do pensamento grego. Esse primeiro período tem início no alvor do VI século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V. Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito, é a grande questão que dá a este período seu caráter de unidade. Pelo modo de a encarar e resolver, classificam-se os filósofos que nele floresceram em quatro escolas: Escola JônicaEscola ItálicaEscola EleáticaEscola Atomística.

Escola Jônica

A Escola Jônica, assim chamada por ter florescido nas colônias jônicas da Ásia Menor, compreende os jônios antigos e os jônios posteriores ou juniores. A escola jônica, é também a primeira do período naturalista, preocupando-se os seus expoentes com achar a substância única, a causa, o princípio do mundo natural vário, múltiplo e mutável. Essa escola floresceu precisamente em Mileto, colônia grega do litoral da Ásia Menor, durante todo o VI século, até a destruição da cidade pelos persas no ano de 494 a.C., prolongando-se porém ainda pelo V século. Os jônicos julgaram encontrar a substância última das coisas em uma matéria única; e pensaram que nessa matéria fosse imanente uma força ativa, de cuja ação derivariam precisamente a variedade, a multiplicidade, a sucessão dos fenômenos na matéria una. Daí ser chamada esta doutrina hilozoísmo (matéria animada). Os jônios antigos consideram o Universo do ponto de vista estático, procurando determinar o elemento primordial, a matéria primitiva de que são compostos todos os seres. Os mais conhecidos são: Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto. Os jônios posteriores distinguem-se dos antigos não só por virem cronologicamente depois, senão principalmente por imprimirem outra orientação aos estudos cosmológicos, encarando o Universo no seu aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação dos corpos. Os mais conhecidos são: Heráclito de Éfeso, Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômenas.

Tales de Mileto

(624-548 A.C.) "Água"
Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. No plano da astronomia, fez estudos sobre solstícios a fim de elaborar um calendário, e examinou o movimento dos astros para orientar a navegação. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos que lhe atribuíram uma idéia básica: a de que tudo se origina da água. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. O imã possui vida, pois atrai o ferro.
Segundo Aristóteles sobre a teoria de Tales: elemento estático e elemento dinâmico. Elemento Estático - a flutuação sobre a água. Elemento Dinâmico - a geração e nutrição de todas as coisas pela água. Tales acreditava em uma "alma do mundo", havia um espírito divino que formava todas as coisas da água. Tales sustentava ser a água a substância de todas as coisas.

Anaximandro de Mileto (611-547 A.C.) "Ápeiron"

Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe também a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens. Anaximandro imagina a terra como um disco suspenso no ar. Eterno, o ápeiron está em constante movimento, e disto resulta uma série de pares opostos - água e fogo, frio e calor, etc. - que constituem o mundo. O ápeiron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém dando um passo a mais na direção da independência do "princípio" em relação às coisas particulares. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total. Diz-se também, que preveniu o povo de Esparta de um terremoto. Anaximandro julga que o elemento primordial seria o indeterminado (ápeiron), infinito e em movimento perpétuo.

Fragmentos

"Imortal...e imperecível (o ilimitado enquanto o divino) - Aristóteles, Física". Esta (a natureza do ilimitado, ele diz que) é sem idade e sem velhice. Hipólito, Refutação.

Anaxímenes de Mileto (588-524 A.C.) "Ar"

Segundo Anaxímenes, a arkhé (comando) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar.

Fragmentos

"O contraído e condensado da matéria ele diz que é frio, e o ralo e o frouxo (é assim que ele expressa) é quente". (Plutarco). "Com nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantém". (Aécio).
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OBRAS UTILIZADAS

DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.
FRANCA S. J., Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís, História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.
VERGEZ, André e HUISMAN, Denis, História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980.
Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo, 1.ª edição, vol.I, agosto 1973.

O RELATIVISMO CULTURAL

O relativismo cultural



“Culturas diferentes têm códigos morais diferentes”- pareceu a muitos pensadores ser a chave para compreender a moralidade. A ideia de verdade universal em ética, afirmam, é um mito.
Tudo quanto existe são os costumes de sociedades diferentes. Não se pode dizer que estes costumes estão “correctos” ou “incorretos”, pois isso implicaria ter um padrão independente decerto e errado pelo qual poderíamos julgá-los. Mas tal padrão não existe; todos os padrões são determinados por uma cultura. (…) O relativismo cultural, como tem sido chamado, desafia nossa crença habitual na objectividade e universalidade da verdade moral. Afirma, com efeito, que não existe verdade universal em ética; existem apenas os vários códigos morais e nada mais.
(…) À primeira vista (o relativismo moral) parece bastante plausível No entanto, como todas as teorias do gênero, pode ser avaliado mediante análise racional; e quando analisamos o relativismo cultural, descobrimos que não é tão plausível como inicialmente parecia ser.
(…)”A noção de certo está nos hábitos da população. Não reside além deles, não provém de origem independente, para os pôr à prova. O que estiver nos hábitos populares, seja o que for, está certo”. Suponha que tomávamos isto a sério. Quais seriam algumas das consequências?
1.Deixaríamos de poder afirmar que os costumes de outras sociedades são moralmente inferiores aos nossos. Isto é claro, é um dos principais aspectos sublinhados pelo relativismo cultural. (…) O relativismo cultural iria impedir-nos de dizer que qualquer destas práticas estava errada. (Nem sequer poderíamos dizer que uma sociedade tolerante em ralação aos judeus é melhor que uma sociedade anti-semita, pois isso implicaria um tipo qualquer de padrão transcultural de comparação).
2. Poderíamos decidir se as ações são certas ou erradas pela simples consulta dos padrões da nossa sociedade. (…) O relativismo cultural não se limita a impedir-nos de criticar os códigos de outras sociedades; não nos permite igualmente criticar a nossa. Afinal de contas, se certo e errado são relativos à cultura, isto tem de ser verdade tanto relativamente à nossa própria cultura como relativamente às outras.
3. A ideia de progresso moral é posta em dúvida. Pensamos habitualmente que pelo menos algumas das mudanças sociais são melhorias. (…) Ao longo da maior parte da história ocidental o lugar das mulheres na sociedade esteve severamente circunscrito. (…) Recentemente, muitas destas coisas mudaram, e a maioria das pessoas pensa que isto é um progresso. Mas se o relativismo cultural estiver correto, poderemos legitimamente pensar que é um progresso? Progresso significa substituir uma maneira de fazer as coisas por uma maneira melhor. Mas qual é o padrão pelo qual avaliamos estas novas maneiras como melhores? Se as velhas maneiras estavam de acordo com os padrões culturais do seu tempo, então o relativismo cultural diria que é um erro julgá-las pelos padrões de uma época diferente.
(…) Estas três consequências do relativismo cultural levaram muitos pensadores a rejeitá-lo frontalmente como implausível. Faz realmente sentido, afirmam, condenar certas práticas, como a escravatura, onde quer que ocorram. Faz sentido pensar que a nossa própria sociedade fez algum progresso cultural, embora deva admitir-se, simultaneamente, que é ainda imperfeita e necessita de reformas. Uma vez que o relativismo cultural supõe que estes juízos não fazem sentido, não pode estar correto.
(…) O ímpeto original do relativismo cultural resulta da observação de que as culturas diferem de forma dramática nas suas perspectivas do que é certo ou errado. Mas até que ponto diferem realmente? É evidente que há diferenças (…) mas quando examinamos o que parece ser uma diferença drástica, descobrimos com frequência que as culturas não diferem tanto quanto parece.
Imagine-se uma cultura na qual as pessoas acreditam ser errado comer vacas. Pode até ser uma cultura pobre, na qual não há comida suficiente; mesmo assim, as vacas são intocáveis. Tal sociedade pareceria ter valores muito diferentes dos nossos. Mas será que tem? Ainda não perguntamos a razão pela qual estas pessoas se recusam a comer vacas. Suponha-se que é por acreditarem que depois da morte as almas dos seres humanos habitam os corpos dos animais, especialmente das vacas, podendo uma vaca ser a alma da avó de alguém. Vamos continuar a dizer que os valores deles são diferentes dos nossos? Não; a diferença está noutro lado. A diferença reside nos nossos sistemas de crenças, e não nos nossos valores. Concordamos que não devemos comer a nossa avó; limitamo-nos a discordar sobre se a vaca é (ou poderia ser) a nossa avó. (…) Não podemos, portanto, concluir que há um desacordo quanto aos valores, só porque os costumes diferem. Pode, pois, haver, menos desacordo quanto aos valores do que parece.
(…) Há valores que têm de ser mais ou menos universais. Imagine-se o que seria de uma sociedade que não valorizasse a verdade. Quando uma pessoa falasse com outra, não poderia partir-se do princípio de quês estaria a dizer a verdade, pois poderia facilmente estar a mentir. Nessa sociedade não haveria qualquer motivo para dar atenção ao que os outros dizem. (…) A comunicação seria então extremamente difícil, se não mesmo impossível. (…) Pode, naturalmente, haver excepções a esta regra: pode haver situações nas quais se considere permissível mentir. No entanto, estas serão excepções a uma regra que está em vigor na sociedade.
(…) Há aqui uma conclusão teórica geral, a saber, há algumas regras morais que todas as sociedades têm em comum, pois essas regras são necessárias para a sociedade poder existir. (…) É um erro sobrestimar as diferenças entre culturas. Nem todas as regras morais podem variar de sociedade para sociedade.
(…) Tudo isto constitui, na verdade, uma completa rejeição da teoria. No entanto, continua a ser uma ideia muito sedutora (…), a teoria deve ter alguma coisa a seu favor, pois a não ser assim porque razão se tornaria tão influente? Penso que, na verdade há alguma coisa correta no relativismo cultural, e quero agora passar a dizer o que é. Há duas lições que devemos aprender com a teoria, ainda que acabemos por rejeitá-la.
Primeiro, o relativismo cultural alerta-nos, de maneira correta, para os perigos de pressupor que todas as nossas preferências estão fundadas numa espécie de padrão racional absoluto. Não estão. Muitas das nossas práticas (mas não todas) são particularidades exclusivas da nossa sociedade. (…) O relativismo cultural começa com a preciosa observação de que muitas das nossas práticas são apenas isto; produtos culturais.
(…) A segunda lição relaciona-se com a necessidade de manter o espírito aberto. No processo de crescimento, cada um de nós adquiriu algumas convicções fortes; (…) podemos, ocasionalmente, ver essas convicções postas á prova. (…) O relativismo cultural, ao sublinhar que as nossas perspectivas morais podem refletir preconceitos da nossa sociedade, fornece um antídoto para este tipo de dogmatismo.
(…) Perceber isto pode levar-nos a uma maior abertura de espírito. Podemos compreender que os nossos sentimentos não são necessariamente percepções da verdade – podem não ser mais do que o resultado do condicionamento cultural. (…) Podemos ficar mais abertos à descoberta da verdade, seja ela qual for.


RACHELS, James, Elementos de Filosofia Moral, pp.33-54


Questões:

1- Em que consiste a tese do relativismo cultural?
2- Que argumentos apresenta o autor contra o relativismo cultural?
3- Que pensa o autor sobre as diferenças culturais que sustentam a defesa do relativismo cultural?
4- O autor sugere que há possibilidade de encontrar valores transubjectivos?
5- Que aspectos positivos descobre o autor do texto no relativismo cultural?

VERDADE ABSOLUTA


A suposta verdade absoluta

Conhecido como tal, Alcebíades, sobrinho de Péricles, estrategista de batalhas, reconhecido em 420 a.c, descendeu e comandou a expedição contra Siracusa, na Sicília. Acusado de profanação as estátuas do Deus Hermes e dos Mistérios de Elênius. foi acusado de sacrilégio, exilou-se em Esparta.
Com sua retórica, fez os Espartanos fracassar numa guerra ativa contra os Atenienses em Siracusa.
Em 411 a.c, eleito comandante de esquadra Ateniense e Samos, onde conquistou duas vitórias contra Esparta, que deu a Atenas a retomada do domínio sobre o mar Egeu.
Alcebíades em 407 a.c, foi responsabilizado pela derrota de seu preposto Antíoco Notium, então retirou-se para Queronéia. Tentou aconselhar sobre desastres navais em Egospótamo, mas não foi ouvido.
Alcebíades, é considerado por muitos estudiosos como um sofista da corrente Erística, entendendo esta como arte argumentativa de ganhar debates, descartando o objetivo de verdade. Como diz o filosofo alemão, Arthur Schopenhauer, “A Dialética erística é a arte de convencer, mais precisamente, é a arte de manipular um discurso, e colocar o debate a seu favor independente da verdade!”.
Mas, a suposta verdade como propõe o título, quer dizer necessariamente no campo de vista erístico? Não! Podemos explorar um pouco mais a noção em outros contextos.

Em todas as civilizações existiu e existe, o chamado “Mito”. Numa breve interpretação, podemos dar sentido aos mitos considerando os uma suposta verdade, como diz uma interpretação clássica, mitos server pra explicar o até então desconhecido, como causas naturais, tempestades no mundo antigo, como a origem do ser e o que há além das galaxias hoje. Com essa interpretação, o desconhecido tornou-se causa de uma suposição, como até mesmo a própria existência pra muitos filósofos, em especial franceses do século 16 e 17. Com essa característica, o mundo pós moderno ainda atribui valores filosóficos, por exemplo o filme “Matrix”.
Ao longo dos anos, antigas civilizações desenvolveu mitos até hoje conhecidos, muitos não usados como suposta verdade, mas como arte literária, que também foi explorada no mundo antigo.
Desfocando o oriente, que também é conhecido por suas tradições arcaicas e focando no ocidente antigo, podemos explorar a categoria junto a arte. Pormas épicos como a Ilíada e a Odisseia de Homero, desenvolvida em torno de 1200 e 800 a.c, explica a relação dos homens e dos deuses gregos, que por sua vez tinham uma intimidade afetiva.
Para muitos, a mitologia acabou com a ascensão do cristianismo no império Romano, mas podemos também observar de forma crítica, que assim como a mitologia de origem pagã era uma suposta verdade, o cristianismo também é,que por origens herda as mesmas características, passando a ser absoluta na idade média.
A mitologia ou mito, pode ser afirmada como verdade, assim como é e sempre foi!

Voltando aos discursos dos sofistas do antigo mundo grego, um sofista dos mais conhecidos e citados atualmente, Protágoras, autor da celebre frase “O homem é a medida de todas as coisas” Criticado por leigos e Filósofos, podemos definir e interpreta-lo de diversas maneiras.
Uma das mais conhecidas interpretações de Protágoras, é descartando a verdade absoluta e criando verdades pessoais, como afirmar, o homem da sentido a aquilo que busca, e sendo criado pelo homem e por ele mesmo acreditado, nasce sua própria verdade. Para Protágoras, não é necessário que exista a realidade absoluta, mas aquilo que crio, independente da realidade. Com essa interpretação, posso acreditar ou não em qualquer coisa, pois tudo independe da realidade. A verdade é criada  a partir do homem, que estabelece em sua medida. Com esse discurso, Protágoras é interpretado como sofista, em especial, por Platão.

Humanismo e existencialismo
“Penso, logo existo” – René Descartes. (Humanismo do século 17)
Esse humanismo propõe a Essência antes da existência. Pode ser interpretado de outras maneiras, descartando a subjetividade da ação. É como pensar que existe um cérebro antes da existência, tipo um objeto que você cria. Você idealiza um objeto, cria o objeto, logo esse objeto foi criado pra um propósito. Isso pode ser interpretado como oHOMEM, idealizado e criado por um DEUS.
Agora, pra tratar do humanismo existencial de Sartre por exemplo, é como inverter os valores. e refazer a frase de descartes e deixar assim:
“Existo, logo penso”.
Sartre define a subjetividade antes de tudo. Inverte os valores do Humanismo do século 17.Imaginando que somos uma causa sem objetivo, logo não fomos criados com um propósito, Propondo a existência antes da essência. Sartre pensa o homem como liberdade, e não como uma qualidade atribuída ao homem, como pensava os filósofos clássicos. O homem cria seu destino, ele é responsável pela sua liberdade, logo não deve culpar a ninguém por suas ações.

Descartes (René Descartes ‘esquerda’ e Sartre ‘direita’)
Do autor para o leitor “Suposta verdade na sociedade”.
Depois de desenvolver um aglomerado de filosofia e citações históricas, posso deixar claro minha conclusão pessoal e a inclusão desse raciocínio na sociedade.
Na sociedade teoricamente cristã, no qual nasci e cresci, fui doutrinado não apenas pela família, mas também pela influencia da sociedade que me cerca, sobre a existência de um Deus alheio. Ponto de vista que passou por diversas metamorfoses ao longo dos estudos acadêmicos e pessoal que fiz sobre as religiões e suas histórias, chegando enfim pelo ceticismo nesse ponto de fé religioso, descartando a noção de uma verdade apenas e abrindo espaço para o novo. Pois, independente se há algo além das verdades criadas pelas civilizações ou até mesmo as minhas verdades, o mundo deve seu respeito ao próximo e aos Deuses alheio.

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O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E SUAS DEFINIÇÕES

O nascimento da filosofia e suas definições

É comum ouvir dizer que a filosofia nasceu na Grécia em torno de 500 ~ 400 A.c, quando dizem que a filosofia passou a ser a desmitificação dos mitos, que até então era a explicação de diversos fenômenos. Eu não concordo que esse seja o nascimento da Filosofia. Na verdade, a filosofia foi apenas definida nessa época, e passou a ser estudada com mais compreensão e busca de explicações, mas isso é apenas uma das correntes filosóficas. Foi quando Pitágoras definiu o raciocínio com a palavra “Philo” (amante ou Amigo) com “Sophia” (Conhecimento, saber). A palavra então passou a ser usada pra definir essa busca de conhecimento que aliás, já existia em outros povos, como os Nômades que passou a não migrar ou imigrar e aprendeu a plantar, e antes dos povos nômades com certeza teve outros povos que também desenvolveram alguma outra ciência (Sacerdotes e Profetas Egípcios, Druidas Celtas, Magos Persas, Babilônios, Assírios e seus Caldeus, entre outros povos, também citados por Aristóteles no livro “O mágico” e outros também citados por Diógenes de Laércio e Pitágoras, que especifica também que Tales de Mileto teve como mestre um Sacerdote Egipcio)  que não girava em torno de apenas a pratica, mas o lado racional dessa pratica, como o porque a planta cresce.
O pensamento racional já estava existindo e também a busca de explicações para os fenômenos. Os gregos por exemplo, um dos sete sábio da Antiga Grécia, Tales de Mileto buscou a explicação de origem, o chamado de “Archê”, o principio que da origem. Tales também enriqueceu bastante, quando soube definir as estações do ano, e assim plantando e colhendo nos tempos certos, aumentou sua produtividade.
Bom, voltando ao topo do assunto, a filosofia apenas foi definida por Pitágoras, e assim estudada e logo padronizada. Filósofos como Sócrates e Platão dão origem a um novo conceito de filosofia, padronizando então o tema e dizendo o que é e o que não é filosofia. Oras, se posso chamar de filosofia qualquer pensamento racional, porque devo então defini-la como a busca da verdade? Também, mas nem sempre. Buscar a verdade é uma corrente filosófica, mas não quer dizer que seja a Filosofia no todo. Logo a Filosofia com destino de padronização, leva Platão a criticar pensadores contemporâneos a ele, como os sofistas, que usavam de seus conhecimentos como comércio! Ora, filosofia então não é um pensamento livre? Sim. Isso não quer dizer que devo passar a você tudo que aprendo de graça, isso fere meu direito, pois assim eu nem venderia livros e poderia morrer de fome. E se filosofia é um pensamento livre, posso comercializa-lo livremente também. E os mitos, são também filosofia? Sim. E porque não seria? Mesmo que exista a corrente filosófica que busca a explicação, essa mesmo que deu origem a ciência, existe a filosofia que também explica as coisas utilizando a subjetividade. É nessa que o mito passa a ser um tema filosófico, pois, o mito não é necessariamente verdade e nem mentira, e sim uma suposição de qualquer um dos dois, que o torna um tanto pessoal e liberal.

TALES DE MILETO

Tales de Mileto e o Princípio da Filosofia tradicional.

(Baseado nos escritos do historiador Diógenes de Laércio – Século terceiro da Era Cristã).
O que significa “Filosofia”?
A palavra “Philosophie” é de origem grega, e tem por significado “Amante do conhecimento e do saber”, descrita por Pitágoras. Sua origem é desconhecida no contexto, mas sua definição por palavra foi desenvolvida no Apogeu Grego. A Filosofia tradicional, tem por descrição o primeiro Filosofo que buscou a ciência, explicações das causas naturais e o principio subjacente de todas as coisas (Archê) “Tales de Mileto”. Mas será Tales o primeiro Filosofo?
Para Aristóteles e Sôlon não exatamente! Aristóteles descreve em seu Livro “O Mágico” que os primeiros filósofos teriam sido os Sacerdotes e Profetas Egípcios, Druidas Celtas, Magos Persas, Babilônios, Assírios e seus Caldeus entre outros demais, assim como Homero e Hesíodo na Mitologia e a Mitogonia.
Tales de Mileto, um dos sete sábios da antiga Grécia, cujo biografias indicam não ter tido um mestre é descrito por Diógenes de Laércio (Livro “Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres) como aluno de um dos sacerdotes egípcios, que lhe ensinou geometria. Ao voltar para a colonia grega, usufruiu de seus conhecimentos para enriquecer sua produtividade no plantio, e tendo sucesso, elaborou também teses (Obs*) sobre as estações e os dias do ano.
Então, a Filosofia existe desde antes de Tales de Mileto?
De certa forma sim. Mas, sua origem é apenas uma incógnita, pois terá de ser redefinida para ser afirmada.
Obs* Arche (Principio de tales era a água)
Obs* – Tales não deixou escritos, mas a astronomia náutica é atribuída a ele. O livro aponta autoria de Focos de Samos, e alguns biógrafos também atribui a Tales mais duas autorias “Dos Solstícios e Dos equinócios”.
Tales é apontado também como o primeiro a estudar astronomia e predizer os eclipses solares e a determinar Os Solstícios.
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A FILOSOFIA NÃO É ÚTIL A NADA...


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

PORQUE A CORUJA É O SIMBOLO DA FILOSOFIA?






A coruja – símbolo da filosofia







A coruja da filosofia é a Coruja de Minerva. Minerva é uma deusa romana. Seu equivalente grego é Athena.
A deusa Athena é filha predileta do deus dos deuses, Zeus, e da deusa Metis, cujo nome significa “conselheira”, e que indica a posse de uma sabedoria prática. Athena não nasceu de parto normal. Zeus engoliu a esposa, Metis, para se safar do filho que, pensava ele, poderia destroná-lo, aliás como ele próprio fez com seu pai, Cronos. O nascimento de Athena se dá de um modo especial: após uma grande dor de cabeça, Zeus teve sua fronte aberta por um de seus filhos, e daí espirrou Athena, já forte e grande.
Athena seria a protetora natural de Athenas – uma vez que estava ligada à idéia de cuidado com as habilidades manuais, com as artes em geral, com a guerra enquanto capacidade de proteção e, enfim, com a sabedoria, ou seja, tudo que deveria comandar uma cidade.
Todavia, foi desafiada por Poseidon, que também desejava ser o protetor da cidade de Atenas. Os deuses em reunião decretaram que ficaria com a cidade aquele que produzisse algo de mais útil aos mortais. Poseidon fez o cavalo, Athena fez a oliva. A vitória foi concedida a Athena. A disputa clássica na vida de Athena, no entanto, foi contra uma mortal – Arachne, talvez uma princesa, mas que aparece na mitologia como um tipo de doméstica. Arachne tecia muito bem, maravilhosamente, a ponto de dizerem que a própria deusa das habilidades, Athena, a havia ensinado. Mas Arachne negava tal fato e retrucava que poderia produzir uma rede muito superior a qualquer coisa que Athena fizesse. E assim desafiou a deusa.
Athena transformou-se em uma velha e foi procurar Arachne, para aconselhá-la a não desafiar um deus. Mas Arachne ficou furiosa, e manteve seu desafio. E então veio o confronto. Ambas teceram rapidamente, mostrando uma habilidade incrível, e a própria disputa se fez de modo tão fantástico que parecia uma homenagem ao trabalho. No produto de Athena, as figuras tecidas mostravam os deuses, imponentes, mas desgostosos com a presunção dos mortais. No produto de Arachne, as figuras exemplificavam erros dos deuses – tudo em forma de deboche. O resultado foi que Athena não suportou o insulto, e se insurgiu contra Arachne. Quando foi para colocar fim na vida de Arachne sentiu piedade (piedade grega, não cristã, é claro) e a poupou, deixando-a viver como um estranho animal – a aranha.
O mito pode ser lido como tendo o objetivo mostrar a criação da aranha. Mas, como sempre, fornece mais leituras: mostra Athena como compreensiva aos erros humanos: um deus que não fosse Athena não se daria ao luxo de virar uma mortal para, sutilmente, persuadir um outro mortal de não insultá-lo. Assim, com tal característica, Athena era de fato a condutora da cidade de Athenas, que recebeu tal nome por causa dela. Inspirados em Athena, os cidadãos gregos daquela cidade aprenderiam a se comportar diante das leis urbanas, deveriam tomar as melhores decisões, evitar conflitos e se proteger, ordenadamente – inclusive através da guerra – contra inimigos externos.
A imagem de Athena povoou as mentes de alguns filósofos. Platão, ao falar de Athena, a tomou como protetora dos artesãos, ressaltando o caráter da deusa enquanto não somente uma guerreira e conselheira, mas efetivamente como aquela que, desde o momento que deu a oliveira aos mortais, estava preocupada em honrar a sabedoria prática, a habilidade de usar as mãos em articulação com o cérebro. Talvez Marx, ao falar que o pior engenheiro é ainda melhor que a melhor das aranhas, estivesse pensando, de fato, em Arachne. Mas certamente é com Hegel que Athena se imortalizou para nós modernos, finalmente, na sua ligação com a filosofia. É claro que predominou seu nome romano, Minerva. E mais que a própria deusa, a coruja ficou no centro da história.
A frase de Hegel, que diz que a Coruja de Minerva levanta vôo somente ao entardecer, alude ao papel da filosofia. Ou seja, a filosofia só pode dizer algo sobre o mundo, através da linguagem da razão, após os acontecimentos que haviam de acontecer realmente acontecerem. Antes que “prever para prover”, que é um lema de Comte e, portanto, do espírito cientificista, Hegel preferia dar crédito a uma postura filosófica que se via distinta da postura da ciência: a voz da razão explica – racionaliza – a história. Ou seja, depois da história, ela mostra que esta não foi em vão.
Quando dizemos, com William James, que cada filosofia é o temperamento do filósofo que a criou, podemos então caminhar mais um pouco e dizer que Marx e Hegel aparecem como os que melhor encarnaram a própria psicologia de Athena para tecerem suas filosofias. Marx e Hegel, cada um com sua própria psicologia, seus temperamentos, captaram o espírito de Athena para fazerem disso espelhos para suas filosofias. Pois, afinal, Athena detinha com suas duas facetas o espírito de suas filosofias: de um lado, Athena era a protetora de uma democracia de artesãos, de outro, a racionalizadora das decisões urbanas. Portanto, Marx e Hegel, em essência! Mas sabemos que, de fato, o símbolo da filosofia ficou sendo a coruja, não Athena. Poderia ser outro animal, e não a coruja, o mascote de Athena? E como mascote da filosofia, o que indica?
A coruja não é bela. Platão era tido como belo, mas Sócrates era horrível. A coruja não é adepta de uma visão unidirecional, ela gira a cabeça quase que completamente, vendo todos os lados. Platão era adepto de uma visão unificadora, mas Sócrates era quase um perspectivista. Platão ensinava em uma escola que, muitas vezes, foi oficial. Mas Sócrates ensinava nas ruas. Foi acusado e condenado por seduzir os jovens, por roubá-los da Cidade, da Pólis. A coruja, por sua vez, é a ave de rapina par excelencia, e apanha os descuidados – na noite. Os leva da cidade, para seu ninho. E então, dá para entender, agora, o que é que coruja e filosofia fazem juntas?